quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Anders Zorn de A a Z (Parte 2 de 7)

 

Volto a falar sobre o pintor sueco Anders Zorn. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Hins Anders. Podemos ouvir aqui o som do violino. O músico está concentrado e absorvido pelo ato, como num monstruoso talento de Yamandú Costa, como num ator em uma assombrosa interpretação, digno de um Oscar, no divisor de águas na carreira de Brendan Fraser: Antes do Oscar, um mero ator de blockbusters; depois do Oscar, parte da nata de Hollywood. O longo instrumento retilíneo é o falo racional, no modo como uma mente fria e racional serve para deixar o coração tranquilo, como num consultório de Psicologia, num terapeuta que faz com que nos sintamos melhores, como numa visita a um centro espírita, com um médium benevolente e fraternal, deixando-nos mais calmos, desobcecando algum “encosto”, algum espírito fixado em nós, com este perturbando-nos, no modo como a pessoa tem que entrar com fé dentro do centro espírita, pois, do contrário, a visita não surtirá efeitos, no modo como a fé não é garantia, mas é esperança, na esperança de que nada em nossas vidas é em vão. O senhor aqui está no inverno da Vida, bem idoso, mas continua atuante, como um casal que eu conheço, o qual, em terceira idade, está muito envolvido com o museu de sua cidade, participando de reuniões frequentes, ao contrário de outro certo casal, o qual está inoperante e inativo, e isso não é bom, pois em qualquer fase da Vida o trabalho é visceral, ou seja, não podemos crer no termo “aposentadoria”, pois se Tao nos deu uma mente, é para exercitarmos esta. O chapéu aqui é a proteção, como na logomarca de uma certa seguradora, com uma pessoa se protegendo embaixo de um guardachuva, como num homem sólido e sério, dando à esposa a sensação de garantia e estabilidade, no modo como as mulheres gostam de tal homem provedor, que dá sensação de segurança. O quadro aqui é um tanto escuro, quase barroco, no jogo entre claro e escuro, num futuro incerto, numa pessoa que, sem fé, fica preocupada em relação ao futuro, sem garantias, nas palavras do personagem Oráculo ao fim da saga Matrix: “Eu nunca soube, mas eu acreditei! Eu acreditei!”. Aqui é um quadro solitário, no modo como cada pessoa precisa de alguns momentos a sós, reservada consigo mesma, numa vida discreta, retirada, longe das loucuras do cotidiano mundano, nas palavras de Barbra em um show, dizendo que, na maior parte do tempo, quer deitar sob uma árvore e nada mais fazer, na questão da preguiça taoista, numa pessoa que, ao fazer só o necessário, fica próxima da atitude limpa e perfumada, no modo como já ouvi dizer que o médium Chico Xavier tinha um perfume metafísico deslumbrante, fino, elegante, saudável, nobre, chic, na sofisticação dos espíritos depurados, os anjos que batem suas asas de liberdade, na figura de esperança do Espírito Santo: O dia de soltura vai chegar, meu irmão, e as assombrações se desfazem com a vitória da Aurora, na vitória da luz sobre a morte. O quadro aqui remete à canção de Bossa Nova, com os versos “Um cantinho, um violão”, no modo como tal gênero musical ganhou o Mundo, na imposição de sofisticação de Tom Jobim, um dos maiores talentos da História do Brasil, vendendo o Brasil com fineza e classe, nessa cidade mágica do Rio de Janeiro, com as inevitáveis vicissitudes materiais, como narcotráfico, pobreza e violência, nos versos da canção de Fernanda Abreu: “Rio quarenta graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos!”. O quadro aqui não nos traz uma decoração rica ou aristocrática, mas um ambiente simples, no modo como há certos artistas que só foram reconhecidos postumamente, no triste Oscar de Heath Ledger, num momento da noite que deveria ser de vitória e alegria – é uma pena, meu irmão. Aqui é o modo como devemos respeitar as barbas brancas de um homem mais velho, pois não é bom ser jovem demais, pois a pessoa jovem demais não tem juízo ou responsabilidade, na tendência de certas pessoas em idealizar uma juventude que nunca foi tão ideal assim. O falo reto atravessa o quadro, numa imposição, como no falo do Código de Hamurabi, num recado ao cidadão: Comporte-se, pois, do contrário, as coisas ficarão difíceis para você. Aqui é uma cena de dedicação, numa pessoa absorvida pelo saudável labor.

 


Acima, Homem e menino em Algiers. O cigarro aqui é como uma pessoa não fumante precisa de paciência para viver com um cônjuge fumante, como um casal idoso que conheço, pois casamento é isto: Um suportando os defeitos do outro. A paisagem aqui é bela, como numa paisagem grega, com céu e mar azuis e construções brancas, em belezas que atraem tantos turistas, como neste “ímã” que é a cidade de Gramado, onde tudo é feito para encantar o visitante, ao contrário de Caxias do Sul, na qual o único turismo de fato é o executivo, no modo como dizem que São Paulo é a cidades cinza dos negócios, longe da exuberância carioca, o maior destino turístico brasileiro. O dia aqui é aberto, como na Califórnia, na qual nebulosidade e chuvas não são via de regra, num terroir que favorece a fabricação de ótimos vinhos, na universalidade do trago, como o saquê, a vodca, o rum, a cachaça etc. O homem aqui é a responsabilidade, pois tem que tomar conta de um moleque, no modo como pode haver pais ou mães ausentes, que simplesmente não fazem parte da vida do próprio filho, como um senhor que conheço, o qual em nada contribuiu para pagar a mensalidade universitária dos filhos, talvez numa fuga de responsabilidades, como no filme cult Labirinto, na menina que se torna mulher, encarando a responsabilidade de tirar seu irmão bebê Toby das garras do tirano Jareth, rei de um traiçoeiro labirinto, no modo como tal película, de tão sui generis, faz com que seja difícil imaginar uma refilmagem, no modo como o genial David Bowie é tão insubstituível, esses talentos avassaladores que nos tomam por assalto, como no talento de uma Gisele, uma mulher forte que venceu as vicissitudes e que sabe que, se parar de trabalhar, virará “peça de museu”. O menino debruçado é o sonho, num artista querendo ser muito respeitado, ao ponto de ser como uma estrela assexuada no Céu, brilhante, vibrante, no modo como a Vida é o nervo da Arte, em batidas de tambores como o coração, no modo do antigo egípcio em crer que a mente, o pensamento, estava no coração, considerando o cérebro um mero preenchimento, na bênção que foi a chegada da Era Científica, trazendo coisas tão simples e geniais como um analgésico, remetendo à católica sanguinolenta Mary Tudor, a qual tinha crises homéricas de enxaqueca, numa época em que não havia uma única aspirinazinha – como é bom viver nos dias de hoje! O negro é o abismo social, como na estrutura social do estado da Bahia, na qual o preto pobre trabalhava para o branco rico, nas heranças culturais escravocratas, na reviravolta que foi termos uma família negra da Casa Branca, em talento estadistas como Obama, este, sim, um grande homem, ao contrário de um certo senhor, cujo nome não mencionarei – há homens grandes e homens não tão grandes. As roupas brancas aqui formam um continuum com o branco na cena, como na cor dos jalecos de médicos, ou como na cor dos cultos afro, num branco que é a limpeza minimalista preguiçosa, atendo-se somente ao que é essencial, num líder que sabe que, se tiver que tomar alguma ação, deve fazer somente o que é necessário, fazendo com que as desnecessidades se tornam sujeiras dispensáveis, como no termo “vaca de presépio”, usado para falar de algo que não é extremamente importante ou necessário. Um majestoso oceano se desenrola aos nossos olhos, num planeta que é mais água do que terra, no modo como a Vida veio do mar, da mãe água, do ventre fértil de Iemanjá, enchendo de peixes as redes dos pescadores, no milagre cristão da multiplicação dos peixes, num reino rico e farto, com qualidade de Vida, no modo como eu, em relação a moradores de Rua, nego esmola mas não nego um pão, na recomendação taoista: Não seja mesquinho em relação a comida. Aqui é um vislumbre, como no personagem Chaves ao se deparar com o oceano em Acapulco, México, com o menino pobre dizendo que nunca na vida havia visto tanta água. O branco aqui é o vazio da lacuna da beiramar, num espaço atraente, que nos convida a caminhar pelo vazio de Tao, a folha em branco na qual escrevemos, com crianças brincando em tal vastidão de vazio.

 


Acima, Hugo Reisinger de chapéu cinzento. Aqui temos um senhor altivo e digno de respeito, no modo como classe e beleza vêm de dentro. O senhor está formalmente vestido, elegante, como se preparado para um importante evento social, como uma pessoa que se prepara para um baile de Carnaval, como um senhor que conheço, o qual gosta muito de brilhar no Carnaval, num espírito festivo, que gosta de eventos sociais. O cômodo aqui é chic e aristocrático, num homem que tem condições financeiras de bancar o trabalho do artista, num artista feliz, que recebe muitas encomendas, como um Andy Warhol começou a brilhar mundialmente, recebendo muitas encomendas, ao contrário do artista triste, que só é reconhecido postumamente. O assento aqui é como um trono, no desafio de uma pessoa recém entronada, buscando conquistar o respeito do povo, em grandes líderes como Dom Pedro II, mantendo unido um país tão vasto e heterogêneo, esmagando focos rebeldes como na Revolução Farroupilha, a tragédia fundadora do Rio Grande do Sul, no modo como um homem de Tao jamais recomendará violência, sempre recorrendo ao tato diplomático e à conversa civilizada, de cavalheiro para cavalheiro, sempre em busca de paz e concórdia, havendo no Plano Metafísico tal mundo de paz inabalável, eterna, num lugar onde ninguém quer subjugar ninguém, sem as ambições humanas de anexar os territórios vizinhos, como no insano Putin, condenado pela comunidade internacional, numa guerra tão desnecessária como na guerra de Israel versus Hamas, destruindo hospitais e deixando rastros de destruição, fome, privação, sofrimento e morte, na mania humana de ver beleza na guerra, como eu, ainda criancinha, disse a meu avô: “Guerra já tem demais no Mundo, vô!”. O bigode aqui é fino, moldado com cera, como no personagem garboso Massimo em O Quatrilho, um homem galanteador e refinado que conquistou a sonhadora e sensível Teresa, estando esta apaixonada por um homem que poderia lhe dar uma vida citadina, longe das durezas rurais, no modo como a pessoa tem lá seus sonhos, muitas vezes despedaçados pela dureza da existência, na célebre canção Boulevard dos sonhos despedaçados. A luz aqui entra majestosa no quarto, uma luz de neblina, de nevoeiro, longe de exuberâncias tropicais na Arte Moderna Brasileira, num rompante em relação aos moldes ultrapassados acadêmicos, em vogues de renovação, como no Cinema, em películas de crítica tão contundente como A Lista de Schindler, nas cenas arrebatadoras mostrando levas intermináveis de cadáveres queimados, no momento em que um notório psicopata tentou destruir o Mundo inteirinho, um espírito fadado a vagar pelas terras desoladoras do Umbral, a dimensão dos que não ama nem respeitam a Vida, na sabedoria espírita: Pobres diabos sofredores que causam mais mal do que imaginam! A gravata aqui é tal sisudez, uma certa disciplina, chegando ao momento redentor do happy hour, quando gravatas são afrouxadas e drinks são tomados, num merecido descanso depois de um dia de labor e responsabilidades, pois diz a sabedoria popular: Ninguém é de ferro! O anel no dedo aqui conota tal poder, talvez num homem rico, de vastas posses, no modo como pode ser ruim a vida de uma pessoa rica e improdutiva, havendo, para cada um de nós, a necessidade do labor, pois cada trabalhinho conta, e nada é em vão, mesmo no humilde trabalho de um gari varrendo ruas, com tudo fazendo parte da construção da Grande Carreira Espiritual, cujo ápice é num espírito de depuração suprema, tornando-se arcanjo e gozando da suprema felicidade, como um pai orgulhoso no dia da formatura do filho, na coroação de um grande esforço de muitos anos entre os ensinos Fundamental, Médio e Superior. Aqui temos um civilizado cavalheiro, polido, que sabe que fino é forte e que grosso é fraco, como um frágil cálice de vinho, num brinde sutil, sem quebrar o copo, num homem que conquistou o respeito do povo, gozando da felicidade dos que são levados a sério, num desafiador caminho de evolução.

 


Acima, Madame Ashley. A mulher rica aqui tem ar de diva, de deusa, no modo como uma rainha da Festa da Uva tem que ter tal ar, tal majestade, pois não é toda rainha que consegue se destacar e entrar para a história da comunidade, no poder das tradições, as quais nos dão uma sensação atemporal, girando em torno da dimensão acima da nossa, na qual não há tempo – é a Eternidade. A moça se espraia majestosa em seu traje suntuoso, como numa Patrícia Abravanel, a qual capricha nos figurinos, querendo encantar o povo com luxo e elegância, numa Patrícia a qual, acima de tudo, quer ter cara de rica, como numa Evita Perón, a qual levava extremamente a sério o se arrumar na hora de vir a público, sabendo que o proletariado gosta de luxo e elegância, como numa Elizabeth I, arrumadíssima na hora de vir a público, no modo como há mulheres que não vão longe na vida pública porque não se arrumam, mulheres equivocadas, que acham que, se arrumarem-se, não serão levadas muito a sério, como uma certa senhora já falecida, a qual, definitivamente, não se arrumava, como um certo senhor sociopata, o qual conquistou o povo porque era um senhor de uma aparência impecável. Aqui é a magia de um vestido suntuoso, de luxo, para ocasiões especiais, num evento solene de gala, ao contrário de uma certa atriz de Hollywood, uma senhora que não se arruma, crendo que, assim, gravitará acima da futilidade do stablishment das celebridades, quando que a autoestima é essencial, como numa talentosa Glenn Close, uma senhora a qual, apesar de ser uma atriz seríssima, arruma-se na hora de ir a uma entrega do Oscar, sabendo que evento de gala não é reunião de condomínio. A moça aqui está bem vendida, diva, deslumbrante, no desejo de uma mulher aristocrática em brilhar socialmente, como numa socialite, caprichando em suntuosos figurinos, querendo arrasar e destacar-se, como numa Paris Hilton, uma mulher socialite que não é levada muito a sério como modelo, atriz ou cantora, ao contrário de Gisele, a menina comum, de família comum, que se tornou princesa de facto, ao contrário de Paola de Orleans e Bragança, a mulher de sangue azul que não deslanchou como estrela – como é a Vida, não? Aqui é como uma noiva, esforçando-se ao máximo para ser a noiva mais linda do Mundo, no humor arrebatador de Barbra em Funny Girl – musical e filme –, com uma mulher claramente grávida cantando a canção A noiva mais linda do Mundo. Aqui são os rituais humanos, desde o Neolítico, com os rituais de tribos indígenas brasileiras, encantando a Europa com histórias de canibalismo, num estágio primitivo de vida humana, no caminho de depuração, até o Ser Humano considerar bruto e inaceitável ser canibal, no caminho de evolução da Humanidade, no contraste no filmão 2001, quando um rústico instrumento que é um osso usado para abater animais, indo direto ao futuro sofisticado humano, com estações espaciais ao som de música erudita fina, em pontos de reviravolta como o advento da Escrita, fazendo com que o conhecimento e as tradições não sejam transmitidos de forma estritamente oral, no modo neolítico de contar o tempo de forma cíclica, e não linear, no vaivém das estações do ano, havendo, no Verão, o ponto de retorno ao zero, ao contrário do modo civilizado egípcio, registrando a história de faraós, em tradições fortes como a inglesa, contando altivamente a história das sucessões monárquicas, num poder atemporal que conquista a fé do cidadão comum, o qual se sente parte da família de realeza, num líder que sabe que não pode desprezar o povo, pois o líder que se afasta de seu próprio povo deixa de ser líder, como na deposição dos Romanov na Rússia, em rompantes como a Revolução Francesa, em golpes de estado como a Proclamação da República do Brasil, expulsando para a Europa o ramo inteiro de Petrópolis. O cenário aqui é de conforto extremo, numa pessoa se sentindo bem, confortável, talvez numa mulher confortável dentro de si mesma, não querendo ser outra pessoa, mas sem narcisimo, na dádiva que é a pessoa gostar de ser ela mesma.

 


Acima, Mulher no quarto. Como é belo o corpo humano! É no modo renascentista de louvar tal obra de Tao, pois como Ele pode ter vergonha do que Ele mesmo inventou? A modelo aqui está no auge de sua beleza, quase revelada, somente com os pés encobertos, fazendo com que isto realce ainda mais o erotismo, como Rose em Titanic, usando apenas um adorno de pedras preciosas, numa Rose que estava gritando por dentro, querendo se libertar, querendo ser atriz, artista, como a princesa de Mônaco sensível, com alma de artista, casando com um artista de circo, em espetáculos tão arrebatadores como o famoso Cirque du Soleil, na técnica impecável dos artistas, na magia circense, numa Dercy Gonçalves jovem, fugindo de casa para se juntar a uma trupe circense, num desejo de fazer Arte. Aqui é a revelação da beleza, na Vênus de Botticelli revelada de dentro de uma concha, no olor libertador de Mar, a Mãe Água que gerou a Vida na Terra, numa esfera tão ínfima e tão rica em Vida, sendo difícil encontrar vida tão rica em outras esferas do sistema solar, como na foto recente das lentes de um supertelescópio, num mar infindável de mais e mais galáxias, ao ponto de nos questionarmos: Por que o Universo é tão vasto? É na máxima islâmica: Alá é grande, na reviravolta cristã, mudando a imagem de Deus, de um patriarca duro e desconfiado para um Pai amoroso, que quer o melhor para cada um de seus filhos, no modo como não me canso de dizer que somos príncipes, filhos do mesmo Rei – cada um de nós é extremamente único e especial, no caminho da autoestima, quando gosto de ser eu mesmo. A moça olha para baixo, alheia ao espectador, como uma mulher distraída, com uma pitada de timidez, revelando tal corpo lindo, como numa foto de minha avó paterna quando mocinha nos anos 1940, uma mulher linda, de cintura delgada e elegante, no modo como o espírito, ao desencarnar, escolhe qual aparência quer ter, vivendo jovem e lindo para sempre, na vitória metafísica, o mundo real – a Terra é só um arremedo, uma escola na qual ninguém está para sempre. O lençol aqui é como uma suntuosa cortina, num cômodo nobre, agradável, numa penumbra, ideal para um agradável sono, como no famoso espírito Patrícia, em Violetas na Janela, uma moça que, ao desencarnar dormindo na Terra, acordou num cômodo na penumbra, numa cama com lençóis suavemente perfumados, numa Patrícia com muito sono, dormindo longamente em tal quarto, até fazer a pergunta: Estou sonhando ou desencarnei? O ambiente aqui é belo e luxuoso, com uma ponta de poltrona confortável, macia, fofa, no lado liso de um trabalho: O fácil e o difícil são faces do mesmo trabalho, no discernimento entre opostos, pois se digo que algo é belo, é porque conheço o oposto, que é feio. Os seios aqui são ideais – nem muito grandes; nem muito pequenos. É a magia dos mamíferos, amamentando a prole, como uma cachorrinha que tive, a qual, ao parir e amamentar, começou a sofrer de desnutrição, no instinto de uma mãe em dar tudo e mais um pouco para um filho – tive que dar um complemento alimentar para ela. A pose aqui é casual, nem ser premeditada, como num furtivo clique de câmera fotográfica, nesse insano galgar de tecnologias, sepultando a Era Analógica, com minha geração ficando perplexa com tais avanços, ao contrário das gerações mais recentes, as quais nasceram e cresceram em meio à Era Digital – são gerações diferentes. Aqui é este talento de Zorn em captar a delicada luz natural, revelando tal corpo, como nos estudo de Anatomia de da Vinci, pioneiríssimo, dissecando cadáveres em uma época muito antes da Revolução Científica, num homem tão multifacetado, rico em talento e curiosidade, com uma obra que vale mais do que qualquer dinheiro, num da Vinci feliz, ainda reconhecido em vida. Aqui é como o momento mágico das cortinas de um palco se abrirem, revelando o cenário, no poder da Arte em nos convidar para uma imersão na mente do artista, com ser humano querendo falar com ser humano, no modo como a Inteligência Emocional é inacessível aos moralmente débeis.

 


Acima, Oscar II, rei da Suécia. Este retrato mostra como era caro o preço de uma encomenda a Zorn, com um rei com tal poder aquisitivo, neste grande retratista que foi Anders. O senhor aqui é sereno e austero, calmo, empoderado, como no líder sob Tao, indo cautelosamente, como se atravessasse cuidadosamente um rio, como se soubesse que ali há perigo, na sabedoria e na ponderação que vêm com o passar dos anos, no modo como a pessoa jovem demais carece de tal ponderação, num adolescente achando altamente monótono o mundo dos adultos, num jovem um tanto arrogante, que ainda não levou muitos tombos na Vida. O cômodo aqui é em dourado, na cor da vitória, no amarelo canarinho de Senna, na construção de um ídolo majestoso, trazendo orgulho ao Lar, numa morte tão emblemática, morrendo em plena pista de corrida, num espírito com a sensação de dever cumprido, voltando “nu” ao lar metafísico, a dimensão onde estou extremamente bem, como num espírito feliz, radiante, coberto de uma luz delicada e divina, no caminho da dignidade aqui deste senhor monarca, como um altivo senhor juiz de Direito que conheci, já falecido, um senhor digníssimo, austero, sabendo da importância do papel que exercia, numa pessoa com tal peso de responsabilidade, na coroa pesando sobre a cabeça, num príncipe recém entronado rei, aprendendo “na marra” a ter distinção e majestade, na máxima popular: Quem já reinou jamais perde a majestade, como num espírito que foi rei em uma encarnação anterior, levando para sempre consigo tal majestade, no modo como tais experiências encarnatórias permanecem para sempre, construindo um espírito de luz e bondade, no poder do Amor em interligar todos os filhos de Tao. O rei aqui tem muita, muita calma, e não parece se importar com o tempo que tal retrato levará para ser concluído, no modo como o espírito desencarnado tem tal paciência, sabendo esperar sua vez para ser atendido, sabendo que a passagem do tempo é uma ilusão, havendo tal ilusão no envelhecimento. O senhor aqui tem uma barriguinha, que é a passagem do tempo, numa construção de carreira e estrada, por assim dizer, como na peça Galileu Galilei, com Denise Fraga, com o homem que, a cada nova época de Vida, foi acumulando uma barriguinha, como na “carreira” da cascavel, trocando de pele muitas vezes, colecionando o chocalho característico, como numa banda longeva como o U2, com décadas de carreira com a mesma formação, no poder da reinvenção, ao contrário de outros artistas, os quais perecem e desaparecem porque não souberam se reinventar, como uma certa popstar, a qual, definitivamente, tem a força para virar a página e encarar um novo momento na carreira, na metáfora de As Horas, do talentoso Michael Cunningham: Doce ou amarga, esta página terá que ser virada, no modo como o sucesso pode ser complicado, pois a pessoa tem que saber sobreviver a tal doce momento de êxito, como na comediante Fran Drescher, até hoje buscando superar o sucesso televisivo de décadas atrás, na noção taoista: O sucesso é um problema. A poltrona aqui é tal majestade, num Brasil o qual, apesar de pobre, é riquíssimo, no nome da ong Brasil sem grades, pois o Plano Metafísico é isso, um Brasil lindo, só que sem grades, na concórdia de uma vizinhança pacífica, na qual temos a plena sensação de estarmos entre amigos, em doces memórias de amigos de Infância, numa época simples, na qual nos contentavam com pouco, como na TV aberta de tal época, sem controle remoto, com televisor de tubo, com poucos canais de TV aberta, no paradoxo atual, no qual, na TV por assinatura, temos centenas de canais à nossa disposição, mas ficamos zapeando sem algo que nos interesse – não é irônico? Apesar de aqui estar no Inverno da Vida, o senhor é forte e sadio, como nos heróis do Cinema Brasileiro, o casal Lucy e Luiz Carlos Barreto – estão idosos, mas estão muito bem. Aqui é um senhor que sabe que tem que se arrumar para vir a público, na lembrança de Infância que tenho, com meus pais saindo perfumados para um evento social.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

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