quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Alice e suas maravilhas

 

 

Paulista de 1971, Alice Shintani já chegou a cursar Engenharia da Computação. Já expôs no MAC de SP, no Espaço Itaú Cultural, no espaço Banco do Brasil no RJ, no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba e no instituto Tomie Ohtake em SP, entre outros lugares. Também já expôs em Londres e na Polônia. Em 2017, ganhou o cobiçado prêmio SP-Arte. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Éter. O monocromático traz harmonia e concórdia, como numa fome por paz mundial, num Ser Humano tão aguerrido, briguento, subestimando o poder do Amor, esta força tão subestimada, como no malévolo vilão Smith de Matrix, desdenhando do Amor, como num professor sociopata que tive, o qual, de forma clara, considerava o Mal mais interessante e mais relevante, excitante, no modo como as crianças são criadas para discernir entre o Bem e o Mal, como no desenho animado dos Superamigos nos anos 1980: Quando um herói está com problemas, os outros heróis o ajudam; quando o vilão está com problemas, seus parceiros de crime não o ajudam, no modo como uma criança sociopata, desde cedo na vida, nota que o Mal é tolhido, ou seja, esta criança, desde cedo, constrói uma “máscara” e leva uma vida dupla, como num lobo em pele de cordeiro, como uma certa criança que conheço, a qual já dá sinais de que não tem muito apuro moral, pois um sociopata mente, mente e mente, e os que mentem acabam rejeitados e rechaçados. Aqui é o azul, a cor do céu, a cor dos sonhos, na bênção que é um Céu de Brigadeiro, quando olhamos para a profundidade azul, enchemos nossos pulmões de ar e agradecemos a Deus por estarmos bem e felizes, pois a felicidade está em pequenas coisas que não custam um só centavo, como num casal no qual o romantismo não pode morrer, no modo como, todos os dias, o cônjuge tem que ser reconquistado de alguma maneira, com gestos simples, como um beijo ou um abraço. Esta instalação de Alice nos abraça e nos envolve, como num anfitrião nos recebendo em sua casa, numa sala agradável, iluminada e perfumada, limpa, nos cuidados maternos num lar, numa mãe dando conta de nossa roupa suja e de nosso pratos sujos, no modo como quando um jovem sai de casa, este sente falta de tal zelos, tendo que passar por um “desmame”, por assim dizer, até a pessoa se acostumar a viver sozinha e a dar conta das tarefas do lar, como o passarinho que cresce e sai do ninho, no glorioso modo como os vínculos de família não se desfazem com o Desencarne, no desejo de desencarnarmos e reencontrarmos nossos queridos avós, numa saudade imensa, inenarrável. Aqui temos um clamor por concórdia, nos esforços da ONU em manter paz num mundo tão aguerrido, na capacidade de certas pessoas finas em ter tato diplomático, em ter cuidados, como atravessar um rio sabendo que neste há perigo, num homem fino, polido, digno de representar um povo, como num príncipe, o qual é visto, amado e respeitado, como uma respeitada Jackie O. caminhando sozinha por Nova York, simples em sua sofisticação, próxima do nervo de Nova York, que é o museu Met, um dos lugares mais finos e belos do Mundo. Aqui, as muretas nos convidam a sentar e conversar, num lugar de interação social, agradável, num espírito fino, depurado, que nunca impõe as coisas a força, no modo como a hierarquia espiritual é assim, suave, sutil, ao ponto de eu fazer questão de obedecer a meu irmão elevado e fino, inspirando-me a me tornar alguém tão fino, como no mais fino lustre de cristal, em sua explosão policromática, como nos sedutores lustres do tradicional Clube Juvenil, de Porto Alegre, no modo como os clubes terrenos fazem metáfora com os clubes metafísicos, finos, onde todos se amam e respeitam-se, na consciência de que somos todos irmãos, príncipes filhos do mesmo Rei, no caminho da Vida Eterna, este presente indescritível, misterioso, maravilhoso, pois a Eternidade sobre a qual podemos falar não é a verdadeira Eternidade. Aqui temos uma limpeza impecável, numa harmonia, numa pessoa que tem estilo e critérios, vestindo-se com roupas baratas e, mesmo assim, parecendo que gastou milhões de dólares em tal roupa, ao contrário da pessoa sem estilo, a qual tem que ser uma “escrava” de marcas pretensiosas – está tudo dentro da cabeça.

 


Acima, Menas. Aqui é como nas inspeções de bagagens em aeroportos, com os policiais federais munidos de cães farejadores, animais treinados para detectar drogas, nesses pobres diabos sofredores que são as “mulas”, pessoas aliciadas pelo tráfico para fazer tráfico transnacional, no modo como é difícil imaginar algo pior do que ficar preso, sentindo-se obrigado a conviver com os outros presos, mesmo não morrendo de amores por estes detentos. Aqui é como um estojo colorido, como no material escolar sendo comprado, em lápis coloridos, na criança “louca” para iniciar logo o ano letivo e utilizar o material, como uma pessoa “cdf”, que gosta de estudar, tirando sempre notas boas, como se soubesse que, fora da Cultura Erudita, não há salvação, no termo sábio: “Um país se faz com homens e livros”, no problema da evasão escolar no Brasil, com cidadãos obtusos e ignorantes, desinteressantes, na importância dos bancos escolares. Aqui são como teclas de piano, na magia musical, numa vocação para a Música, no poder da Arte em fazer um país, como na suma riqueza da Música Brasileira, uma riqueza ignorada por uma certa estação de Rádio, a qual só toca Música Internacional, ignorando o tesouro que é a MPB, o topo musical brasileiro, em monstros sagrados como Marisa Monte, a artista que é a vitória do critério e do bom gosto, entrando nos lares da Inteligência, como advogados, médicos, dentistas, juízes de Direito etc., no desafio de conquistar o respeito de quem é formador de opinião, no poder da letra e do cérebro, pois a sensualidade reside na inteligência, como na sedutora inteligente Catherine Trammel, em Instinto Selvagem, uma pessoa de inteligência sedutora, no modo como é desinteressante se deparar com uma pessoa que é só corpo, só músculos, uma pessoa obtusa, sem conversa válida, no modo como eu gostaria de dizer a tal pessoa: Eu não estou dizendo que você não pode ter musculatura ultraatlética; eu só estou lhe pedindo para fazer algo além do que só puxar ferro numa academia. Aqui são como sanfonas, como camadas, como camadas num bolo ou num prédio com vários andares, num talentoso confeiteiro fazendo bolos irresistíveis, nesse gostoso pecadinho capital que é a Gula, num maravilhoso e simples negrinho de panela, de se comer quentinho de colher, na magia do Chocolate, a iguaria que, aliada a leite e açúcar, ganhou definitivamente o Mundo, na universalidade da Gastronomia, com chefs televisivos com audiência ao redor do Mundo, em supercelebridades como Jamie Oliver, na sedução que as especiarias do Oriente exerceram sobre a Europa Renascentista, num momento em que o Mundo passou a se unificar, tudo por causa de coisas finas como Canela, numa magia de sabores, como a manga se solidificou no Brasil. Aqui são como arquivos sendo organizados, em ordem como a alfabética, na intenção humana em impor ordem ao caos, como catalogar corpos celestes, num Universo tão vasto: Há mais estrelas no Universo do que grãos de areia na Terra, e isso não é absurdo? Não seria insano catalogar cada grão de areia que existe no deserto do Saara? O que é o Ser Humano no Universo? Aqui é uma obra alegre, que nos deixa de coração leve e animado, como naquele filme catártico, do qual saímos da sala de Cinema como leves gaivotas à beiramar, ao contrário de filmes mais pesados, como O Silêncio dos Inocentes, quando saímos da sala com a sensação de que o tenebroso Lecter canibal está solto por aí, havendo no sociopata a prova de como pode ser desinteressante a falta de apuro moral. Aqui são como leques sendo abertos, num gradiente de opções, num leque de opções, como cursos oferecidos numa instituição de Ensino Superior, ou como no Plano Metafísico, no qual há empregos para todos, e empregos bons, que exigem de nossas cabeças, ao contrário do humilde trabalho subserviente, em vidas duras, de árduo labor. Aqui é como na sofisticação oriental dos origamis, como numa luxuosa mesa de jantar, com guardanapos dobrados de forma bela e agradável, chic, ou como toalhas lindamente dobradas em cima da cama de um hotel luxuoso, no qual o hóspede se sente um rei. Aqui é alegria, cor.

 


Acima, Quimera. Aqui temos o universo de Barbie, como uma colega de faculdade que tive, uma mulher que usava uma bolsa da marca da Barbie – será que é uma pessoa que não teve infância? Aqui é o universo idealizado de Barbie, sem durezas ou percalços, com Yin total, sem qualquer adição de Yang, de agressividade, ao contrário do ícone feminista da Mulher Maravilha, a heroína que, apesar de bela e formosa, é blindada e tem superforça, dando uma surra em qualquer marmanjo mal intencionado, numa deusa com a força para entortar um canhão de tanque de guerra, uma deusa que foi a Imaculada Conceição de Zeus, num mito que nos explica como cada um de nós é tal deus, fruto da Imaculada Conceição de Tao, a Virgem Maria imaculada e perfeita, numa consolação aos que enfrentam encarnações tão duras na Terra, num sinal de acolhimento e esperança: Você não vai acabar com as guerras no Mundo, mas será a promessa de um Mundo melhor, onde todos são amigos, um lugar em que grades e cercas elétricas são desnecessárias. Aqui são esses ambientes monocromáticos de Alice, como numa pessoa com estilo, que sabe como se vestir com harmonia cromática, como uma moça estilosa que vi recentemente na Rua, uma mulher cujas peças de roupa variavam em tons de marrom, desde o claro ao escuro, uma pessoa que sabe que o que vale é o conjunto, e não a camisa ou a calça em si, pois quando as pessoas nos veem, elas nos veem na totalidade do conjunto, e não só os sapatos. Aqui é como na magia de uma piscina vazia, limpa, pronta para receber água e iniciar o doce Verão, o momento de descanso e Vida depois de um ano de labor e estudos, no descanso merecido dos bravos, que encaram a luta, como acordar em tantas e tantas manhãs geladas de Inverno para encarar mais um dia de disciplina, no glorioso momento das Férias de Julho, duas semanas deliciosas de ócio e diversão, como numa professora feliz em As Patricinhas de Beverly Hills, escrevendo no quadro: “Tarefa de casa para o fim de semana: DIVIRTAM-SE!”, sabendo que muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack um bobão. Aqui temos linhas tortuosas, viscosas, por assim dizer, como criadouros de animais ou plantas, como em teias cósmicas aglomerando galáxias, na matéria viscosa de anfíbios, aquosos, mucosos, no modo como há quem goste de comer rãs, uma carne que, me disseram lembra muito carne de frango – existe gosto para tudo. Aqui são como retilíneos azulejos subvertidos pelas linhas aquosas, fluidias, no duro se rendendo ao mole; no fino se sobrepondo ao duro. Aqui são como paredes estomacais com xarope viscoso antiqueimação, forrando as paredes estomacais e proporcionando alívio, no modo como o Ser Humano contemporâneo é privilegiado, havendo remédios para muitas enfermidades, nos avanços incríveis da Medicina e da Ciência, este ponto decisivo que marcou a trajetória do Homo sapiens, remetendo a épocas como a elizabethana, na qual não havia um único Tylenol para dor e febre, numa Mary Tudor que sofria de crises homéricas de enxaqueca, ou como uma Evita, a qual viveu numa época em que não havia radioquimioterapia. Aqui podemos sentir um perfume doce, feminino, remetendo a um senhor que conheci, o qual usava perfumes femininos, algo que, sinto em dizer, não é lá muito sexy, pois o homem tem que gostar de ser homem e a mulher tem que gostar de ser mulher, nas palavras da famosa transexual Lea T: Nada há de bom na transexualidade, disse Lea. Esta sala de Alice nos convida a um trabalho de decoração, convidando-nos e decorar com móveis que trazem alguma coisa de rosa, talvez um tapete vermelho, em cores de bordel, cheirando a sexo, na cor dos mistérios uterinos, no poder avassalador da mulher em trazer Vida ao Mundo, um poder que é “desafiado” pelo mundo patriarcal, no qual a mulher é tolhida, como se fosse uma compensação frente ao enorme poder feminino. Este vazio é o sedutor vazio da orla, numa página branca, pronta par ser preenchida, virgem, vazia, pura.

 


Acima, Sanfoninhas. A explosão de um livro sendo aberto, numa abertura de perspectivas, de possibilidades, como num leque de cursos oferecidos por uma universidade – não há um único curso que desperte teu interesse? Aqui remete à era pré-digital, com os dezesseis tomos da Enciclopédia Barsa, numa época em que não se imaginava o advento da Internet, com tudo hoje ao alcance de um clique: Dicionários, enciclopédias, imagens infinitas, videoclipes, programas de TV, tudo. É um avanço que não deixa perplexa a geração mais jovem entre nós, uma geração que já nasceu e cresceu em meio às conveniências do Mundo Digital, não fazendo ideia do que foi o televisor de tubo sem controle remoto e só com canais de TV aberta, o telefone de disco e gancho e a carta pelo Correio. Aqui é como uma linha de produtos, uma família de produtos, como numa linha de vinhos produzidos pela mesma vinícola, deixando claro que se trata de uma família quando colocamos os vinhos lado a lado, no modo como é importante este flanco do trabalho de Marketing – o design de embalagem, em embalagens lindas que nem sempre entregam o produto excelente que tal embalagem bonita promete, na questão da ética: Se digo que meu produto é bom, este tem que ser bom de fato, do contrário o consumidor, que não é burro, nota quando está sendo ludibriado. Nesta obra de Alice Shintani temos o desdobramento de um processo, como num mistério policial sendo desvendado, como no trabalho de construção de personagem, nas palavras de Gloria Pires quando a perguntei sobre como esta construía o personagem, e esta disse: “Paciência para desdobrar o personagem e entender as motivações deste”. Aqui é algo sendo desvendado, como em Pedro Álvares Cabral aportando nas selvagens terras brasileiras, num processo cognitivo, até Portugal se dar conta das vastas terras do Brasil, na disputa entre superpotências europeias no controle de tais colônias e das riquezas destas, no modo como Portugal exauriu as reservas brasileiras de pedras e metais preciosos, numa questão simples: A riqueza é acompanhada pela pobreza, como pedras preciosas africanas sendo arrancadas da África, tudo em nome das ambições humanas, no discernimento taoista: “Como são ricos! E roubaram tudo dos pobres!”. Aqui é um acúmulo de conhecimento, como no desdobrar de um ano letivo, num processo sério de disciplina num momento de libertação no fim do ano para os que se aplicaram nos estudos, num descanso merecido de férias, como num espírito que desencarnou, o qual, antes de tudo, descansa para, depois, arranjar um emprego no Plano Metafísico, no qual não existe desemprego, muito longe das vicissitudes terrenas, em problemas de desemprego no Brasil. Aqui é um longo processo a ser trilhado, como num artista pop encarando uma longa turnê, pegando aviões e posando nos quatro cantos do Mundo, na prova da universalidade da Arte, numa poderosa indústria que encara os desafios da era Download, nos desafios desta, longe das conveniências das eras Vinil e CD, quando havia o suporte físico de Música, num galgar de tecnologias que assusta os barões da Indústria Fonográfica, como nos sites de Youtube Converter, possibilitando o download de músicas de graça. Aqui há um grande potencial, como um diretor observando os potenciais de um artista, como um diretor que conheci, o qual investiu tudo numa certa moça, a qual acabou não deslanchando na carreira de atriz – o Mundo é assim mesmo, uma Boulevard dos Sonhos Despedaçados, fazendo de Hollywood a terra da frustração. Cada página aqui é um momento de um faculdade, no aluno encarando o curso, em alunos que acabam por abandonar o curso, não tendo a paciência para se formar, como um senhor que conheci, numa história triste, numa pessoa que abandonou um curso universitário para fazer absolutamente nada no lugar, mergulhando numa vida ociosa e desinteressante, na sabedoria popular de que cabeça vaga é “oficina do Diabo”. Aqui é um esforço, numa pessoa que exige o máximo de si, numa Maria Callas, exigindo o máximo da própria voz.

 


Acima, Série o Cru e o Cozido. Aqui é uma exposição competente, bem montada, numa artista que sabe que, se quiser merecer sucesso, tem que ter a competência para tal. São vagões de um trem, havendo a força motriz, que é o respeito, o qual vem em primeiro lugar – se eu quiser fazer parte do fã clube de um artista, aí é uma opção minha. Aqui são como selos no correio, na época em que a correio físico imperava soberano, havendo nos anos 1990 a revolução do e-mail, numa época em que era muito chic dizer que mandei ou recebi um e-mail, na mesma época em que era chic caminhar na Rua falando em um celular, sendo chic perguntar a alguém: “Qual é teu e-mail?”, numa tecnologia que, hoje em dia, já não tem frescor de novidade, com qualquer pessoa tendo acesso a tal tecnologia, num galgar incessante de avanços, até chegar ao ponto do Ser Humano poder posar em Marte e voltar a salvo para a Terra, no modo como o Cosmos, fora da Terra, é absolutamente hostil ao Ser Humano, nos desafios de se enviar uma sonda ao espaço, num Cosmos do qual pouco ainda se sabe, no fascínio sobre um Mulder, de Arquivo X, querendo saber sobre raças alienígenas ao redor da Terra, confrontado com o ceticismo racional de Scully, como na dupla Pink e Cérebro, no casamento universal entre Razão e Loucura, na ironia dialética de que tudo traz em si sua própria contradição, como, por exemplo, na foto de uma pessoa ao lado de uma banana que tem a estatura de tal pessoa: Não sabemos se é a pessoa que diminuiu de tamanho ou se a banana aumentou de tamanho. Aqui temos uma Alice bem abstrata, como numa criança que, ao crescer e adquirir sabedoria, entende termos abstratos como “respeito”, algo difícil para uma criança entender, entendendo que, quando ouve tal termo, é porque está prestes e a ser punida pelos pais. Vou agora falar de cada uma das obras de Alice nesta foto, partindo da esquerda:

1) Uma delicada flor se abrindo, nos fascínios de feminilidade, com tantas transmulheres que tanto querem ser mulheres, crendo que a Vida é perfeita para as mulheres.

2) Algo quase encostando, como no quase toque entre Deus e o Adão de Michelangelo, como numa pessoa tocando outra, nos meandros das paixões e do coração, em duas pessoas que passam a se conhecer mutuamente, num grau de intimidade.

3) Uma pequena faixa, na infame Faixa de Gaza, com o Mundo inteiro debruçado sobre tal conflito, na eterna inclinação humana em relação à crueldade, sempre buscando um pretexto para guerrear.

4) Uma boca feroz de monstro, no termo “monstro” que designa pessoas de brilho inédito e anormal, muito longe de mediocridades, numa pessoa única, inconfundível, como na força tsunâmica de uma Gisele, a menina comum que virou princesa.

5) Uma fina silhueta de mulher, na crueldade do espartilho, em padrões de beleza cureis que escravizam a mulher.

6) Dois ovos se encontrando, numa junção entre duas almas, como irmãos gêmeos na barriga da mãe, sendo Nossa Senhora o que temos em comum.

7) Um nó sendo desenlaçado, desdobrando, numa libertação, num glorioso dia de soltura, como num refém sendo resgatado.

8) Uma árvore, ou um rosto triste, como num auge depressivo, remetendo a miseráveis épocas em que não havia medicação psiquiátrica, na revolução no Prozac nos anos 1980.

9) Uma divisão, uma bipartição dolorosa, como perder um ente querido.

10) A linha azul interfere e permeia a estrutura rubra, como num paciente trabalho de costureira, no momento sisudo de labor e dedicação.

 


Acima, Zica. Aqui é uma explosão, um escândalo, um impacto, uma comoção, no poder impactante de um artista, causando tal frisson, como filmes que arrebatam multidões ao redor do Mundo, em blockbusters como Titanic, um filme que tanto tocou as pessoas, com multidões de tietes histéricas ao redor do Mundo, chorando pelo Jack que morreu para salvar Rose, na arrebatadora cena do final, com os espíritos desencarnados se reencontrando, no famoso relógio na cena, que é a passagem do tempo. Aqui é o olho insaciável de Sauron, o Senhor do Escuro, numa fome napoleônica por poder, querendo controlar as pessoas, na metáfora de Matrix, num sistema que escraviza o indivíduo, num indivíduo que é escravo do Sistema Capitalista: Eu tenho que acordar, para ir trabalhar, para ganhar dinheiro e comprar um celular último tipo, no modo como os brilhantes nerds de The Big Bang Theory são vítimas de tais marqueteiros, adquirindo camisas de super-heróis, como com a estrela do Capitão América ou como com o S de Superman, no modo como há publicitários quem, em ironia, tornam-se escravos de coisas que estes mesmos publicitários anunciam, numa pessoa que acha que vai morrer se não adquirir tal bem de consumo. Aqui é como uma fruta cortada ao meio, num trabalho científico de análise, de desmontagem, nos esforços pioneiros de um da Vinci, analisando cadáveres, numa época ainda muito distante da Revolução Científica, numa vastidão de avanços, como no advento de tratamentos e medicações, como medicar psiquiatricamente uma pessoa, reduzindo muito o tempo de internação numa clínica psiquiátrica, ao contrário do filme Garota Interrompida, passado nos anos 1960, quando o paciente ficava muito, muito tempo internado, como na personagem psicótica de Angelina Jolie, havia anos internada numa clínica, numa atuação que deu um Oscar à bela estrela – beleza não põe à mesa. Aqui é uma estrela sendo revelada ao Mundo, como no boom de Madonna reverenciando a eterna deusa Monroe, um dos maiores ícones de feminilidade da História do Homo sapiens, numa mulher psicologicamente frágil, sempre em busca de figuras paternas, nunca adquirindo o controle de si mesma, quando que a única pessoa à qual tenho que pertencer sou eu mesmo, como um certo senhor, o qual está deixando que o Mundo lhe diga como tal senhor deve viver, e isso não é bom, meu rapaz. Aqui é como um túnel, um tubo, um canal, no espírito desencarnado indo em direção à luz para retornar ao Grande Lar Primordial, no glorioso retorno ao Lar, na linda canção Porto Alegre é demais: “É lá onde eu vivo em paz!”. Aqui é a cloaca geradora de Vida, numa tartaruga fêmea colocando dezenas de ovos na areia, no fato de que são poucos os filhotes que sobrevivem à travessia entre areia e mar, como no trabalho de divulgação e de Marketing, como num comercial sendo transmitindo pela TV: São poucos os consumidores que vão ser de fato atingidos pelo reclame, como no Facebook, quando são poucas as pessoas que serão de fato atingidas por uma postagem – é assim mesmo! Aqui é a revelação da beleza interior, como na feiosa inglesa Susan Boyle ao abrir a boca para cantar e deixar o Mundo boquiaberto com tamanho talento e beleza vocal, como abrir uma pedra de ametista: Por fora, opaca, feia e tediosa, desinteressante; por dentro, linda, arrebatadora, brilhante e sedutora, como eu gostaria de dizer para uma certa senhora: Eu não estou dizendo que você não pode ter um namorado gato; só estou dizendo que, além de gato, certifique-se de que tal homem seja uma pessoa boa. Aqui é a força de explosão de uma supernova, explodindo e levando tudo e todos consigo, num Cosmos tão dinâmico, com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, num astro de Hollywood num momento áureo de sucesso, este amante tão infiel, que hoje está com você mas, amanhã, não se sabe. Aqui é o divertido nome de doce “olho de sogra”, fazendo menção ao olhar frio da sogra que pode intimidar o próprio genro.

 

Referências bibliográficas:

 

Alice Shintani. Disponível em: <www.galeriamarceloguarnieri.com.br>. Acesso em: 2 nov. 2023.

Alice Shintani. Disponível em: <www.mercedesviegas.com.br>. Acesso em: 2 nov. 2023.

Projects. Disponível em: <www.aliceshintani.info>. Acesso em: 2 nov. 2023.

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