quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Anders Zorn de A a Z (Parte 1 de 7)

 

 

O sueco Anders Zorn (1860 – 1920) ficou conhecido por seus retratos, nus e águas. Na sua cidade natal, Mora, há um museu em sua homenagem. Já retratou três presidentes dos EUA e fez sete viagens a tal país, na universalidade da Arte. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Mulher num barco. Podemos sentir uma ondulação, como na sensação que ficamos ao lermos Moby Dick, como vi recentemente no seriadão The Big Bang Theory, quando personagens entravam numa cápsula com uma água quentinha, num ambiente absolutamente desprovido de barulho ou luz, ou seja, o útero, no trauma que é nascer e vir ao Mundo, num choque entre o conforto uterino com a dureza fria do Mundo, como no processo de “desmame” quando a pessoa sai de casa para morar sozinha, sentindo falta dos zelos maternos do lar de proveniência. O corpo da mulher é aquoso e delicioso, longe dos atuais padrões cruéis de beleza feminina, nos quais só é considerada sexy uma mulher que esteja na antessala da Anorexia – é um horror. É como na voluptuosidade de uma icônica Marilyn Monroe, o maior sex symbol de todos os tempos, uma mulher que não era necessariamente esquálida ou magérrima. Aqui é como na sensação deliciosa de liberdade ao se nadar nu no Mar, numa conexão com a vastidão cósmica interligada, no modo como todos estamos conectados, fazendo da Internet uma metáfora mundana de tal interconexão, príncipes filhos do mesmo Rei, na sabedoria popular: Deus não joga, mas fiscaliza, ou seja, a figura do juiz de Futebol, em árbitros tão duros e austeros como Daronco, numa paladina imposição de autoridade, no modo como um padre tem que se impor ao rezar a missa, na imposição de autoridade e poder, na rígida hierarquia católica: Papa, cardeais, arcebispos, bispos, padres e noviços, como um colega meu de Ensino Fundamental, o qual se tornou padre para saber qual é o seu lugar no Mundo, escolha que eu respeito, afinal a vida é dele e não minha, como me disse uma sábia amiga psicóloga: A Vida é feita de escolhas e cada um é livre para fazer suas escolhas, ao contrário dos casamentos arranjados de antigamente, no qual o menino ou a menina não tinham escolha, na contramão da felicidade, pois o Ser Humano, infelizmente, ao fazer escolhas, não visa  a felicidade, como fazer parte de uma fina família de realeza mas não morrer de amores pelo cônjuge, na noção de que, na Vida, não se pode ter tudo, como grandes atores que embarcam em projetos débeis, entrando para o infame rol dos indicados do deboche antiprêmio que é a Framboesa de Ouro, como num Tom Hanks, o qual tem dois Oscars, inclusive consecutivos, e recentemente esteve na Framboesa, no modo como não me canso de dizer que o sucesso é um amante infiel, pois hoje está comigo mas, amanhã, não se sabe... A mulher aqui faz uma revelação, descobrindo-se do lençol, no jogo erótico entre nudez e pudor, como na Vênus de Botticelli, envergonhada, cobrindo a vulva e um dos seios, numa revelação dentro de uma concha, como uma pérola, nas profundezas sedutoras do Mar, na Mãe Mar, de onde veio a Vida na Terra, no modo como água e oxigênio são imprescindíveis para qualquer ser vivo que conhecemos, atiçando a curiosidade de pessoas que querem saber se há Vida fora da Terra, no modo como a Ufologia não é levada muito a sério pela Ciência, pois aquela trabalha com suposições; não com provas científicas. Aqui, a mulher sensual se junta à água no fundo do quadro, num delicioso convite para um mergulho, na diversão com amigos à beira da piscina, em doces memórias de Verão, no momento de pausa em que nos desligamos temporariamente da Vida, num merecido descanso, no sentimento de melancolia ao fim das férias, no momento em que temos que voltar a encarar a dureza e a sisudez da Vida, com na divertida tira do genial cartunista gaúcho Iotti, nas pessoas voltando emburradas da praia para a cidade ao término das férias, como professores reunidos na sala dos professores no intervalo da aula, quando toca o sinal e assinala o momento de se voltar para a sala e continuar tocando o barco, nas palavras de uma canção: “A Vida cobra sério e, realmente, não dá para fugir”, como um morador de Rua, negando-se a encarar a Vida. Aqui temos opulência e fertilidade, fartura, como “mamar” numa caixinha de leite condensado.

 


Acima, Mulher se banhando. De novo a paixão de Zorn por água e mulheres nuas, num continuum sensual. A mulher é a hesitação, molhando-se aos poucos, mergulhando o pé, em doces memórias de infância que tenho, indo para zonas rurais e mergulhando em rios “selvagens”, naturais, com cheiro de mato, de Natureza, com girinos nadando na água, na explosão de Vida natural, algo muito inusitado e excitante para uma criança da “selva de pedra”, como eu. A água é fria, mas limpa, como num amargo remédio que surte doces efeitos, no modo como as vicissitudes da Vida vão fazendo de nós pessoas melhores, mas nobres, mais depuradas, no caminho espírita da Mortificação, no ponto da pessoa parar de “acreditar em Papai Noel” e ater-se ao que importa, compreendendo os problemas do Mundo, como no personagem Oscar Schindler, o qual era um playboyzinho fútil que acabou se compadecendo com os problemas do Mundo, no sentido da pessoa deixar de ser fútil e alienada, como uma criança mimada, a qual tem dificuldade de encarar o Mundo, como um rapaz que conheci, o qual teve uma mãe a qual era, definitivamente, superprotetora, massageando o ego do próprio filho, fazendo com que esta se achasse o maior astro pop de todos os tempos, no modo como uma mãe, às vezes, tem que ser dura e austera, punindo uma atitude pouco nobre, como impedir que o filho minta. Aqui é o espelho de Narciso, afogado em sua própria imagem, como na Ana Terra de Veríssimo, olhando-se no rio como um espelho, fazendo do espelho um símbolo de feminilidade, como um homem vaidoso, que gosta de se aprumar, como no astro metrossexual Beckham, juntando a agressividade do Yang futebolista como a autoestima do Yin, nas recomendações sábias taoistas: Entenda a força do Yang, mas seja mais Yin dentro de você mesmo, como no contraste entre um homem astronauta no Espaço e um homem no conforto do lar, pegando uma caneca para tomar café, como numa discreta e pacata Meryl Streep, a qual, apesar de habitar o topo do Cinema, tem um estilo de Vida humilde e simples, curtindo as delícias do lar e da vida íntima. A mulher aqui está alheia ao espectador, olhando para o outro lado, com o rosto quase escondido, como uma pessoa dando uma entrevista sem querer ser identificada. Sua barriga é farta como a barriga de uma dançarina do ventre, ondulando sua voluptuosidade, ondulando, fluidia, liquidiscente, em sensações tão gloriosas como tomar um bom banho depois de um dia inteiro de suor e fuligem, como no padrão do senso comum baiano, no qual o normal é tomar dois banhos por dia, ao contrário dos gaúchos, que tomam somente um banho diário, fazendo do estado da Bahia tal país à parte, com seus próprios padrões culturais, num vasto Brasil continental, feito de pequenos brasis. A mulher aqui hesita como se soubesse que há perigo, como num tato diplomático, cauteloso, como se soubesse que qualquer coisinha poderia trazer desgraça ou desavença, num fino diplomata, no papel de representar todo um povo e um país, num líder de Tao, conquistando a confiança do povo, em figuras como uma chic Jackie O., podendo caminhar sozinha pelas ruas de Nova York, na simplicidade que se revela o ápice de sofisticação, numa pessoa tão bem vista e respeitada. O rochedo aqui é a dureza da Vida, do Mundo, exigindo cuidado para que não nos cortemos em suas lâminas pétreas, como na zona desolada dos rochedos de Tolkien, num lugar inóspito, intolerante ao Ser Humano, num homem aventureiro que topa ir para lugares hostis, como na Antártida, num esforço de sobrevivência, numa pessoa que ama desafios, como num surfista excitado com um mar cheio de ondas altivas, “domando” a Natureza, tal qual o toureiro doma o touro, na imposição de humanidade elegante sobre a brutalidade irracional. Aqui é um momento de solidão e retiro, no modo como qualquer pessoa precisa de alguns momentos a sós. Aqui a nudez beija a Natureza. O coque da mulher é o garbo e a disciplina, numa mulher que não ousa soltar os cabelos, como se não se permitisse ter muita liberdade.

 


Acima, Nosso pão de cada dia. Aqui é o árduo trabalho, como numa pessoa workaholic que conheci, a qual não se dava ao respeito, chegando ao ponto de ficar quarenta e oito horas ininterruptas trabalhando, na contramão da dignidade – dê-se ao respeito! A velha senhora está exausta, pelo labor e pelo passar dos anos, numa vida de labor incessante, na dura vida agrária, como ouvi nas sábias palavras do superescritor Harari: A Revolução Agrária, que passou a controlar a produção de alimentos, acarretou num endurecimento de labor, num agricultor laborando de sol a sol, como no imigrante italiano na Serra Gaúcha, o qual só não trabalhava no Domingo porque o padre e a religião não permitiam. Aqui vemos um rastro de colheita, como no rastro de uma carreira, com um artista de longeva carreira, como na superbanda U2, esforçando-se desde o início dos anos 1980, só recebendo um contrato de gravação no ano de 1987, estourando ao redor do Mundo, numa banda de apelo tão universal, em carismas como o de Bono, um homem da Paz. A panela esquentando no fogo de chão é a chama, a força da Vida, o esforço do labor, numa mulher esfregando energicamente o chão de casa, num trabalho suado, em todos os sentidos – literal e figurado. A panela é a refeição do dia, em humildes camponeses suíços, os quais guardavam as sobras de queijo para, depois, fundir tudo numa panela, numa preparação simples e proletária que deu origem ao fondue, que hoje é considerando chic. Ao fundo o labor segue intenso, em mãos calejadas, como nas irmãs O’Hara conduzindo a lavoura da devastada fazenda de Tara, na moça lamentando os calos em suas próprias mãos, dizendo: “Mamãe dizia que uma mulher pode ser conhecida por suas mãos!”. É como no quadro emblemático Tempora Mutantur, de Pedro Weingärtner, do qual já falei aqui no blog, no casal de imigrantes italianos na lavoura, num momento de pausa em que o homem descansava e a mulher observava os calos em suas próprias mãos, lamentando por não ter mãos de princesa, afetando a autoestima desta camponesa humilde, quiçá analfabeta. Aqui é a dureza do dia, nas tarefas, em marido e mulher dividindo as tarefas, como em tribos amazonenses, numa clara divisão de tarefas: As mulheres ficavam na tribo criando as crianças e fazendo trabalhos como o de coleta na floresta; já, os homens exerciam tarefas mais agressivas, como caça e pesca, na universalidade da divisão de tarefas entre eles e elas, como uma indígena ianomâmi, a qual, ao se casar com um homem branco e ir viver na cidade, amava fazer compras, ou seja, tarefa análoga ao trabalho feminino de coleta. A estrada aqui é o caminho da Vida, da existência, num caminho longo, duro, cheio de percalços, no modo como a Vida não deve ser perfeita, pois, se fosse perfeita, não nos causaria evolução, ou seja, seria uma vida sem significado, no modo como não me canso de dizer: O sentido da Vida é o crescimento e a depuração moral, ou seja, compreender que a verdade é maior do que a mentira, ou seja, que a paz é maior do que a raiva, na mentira das guerras, nas quais não somos irmãos. O céu é cinzento e incerto, confuso, misto, na dificuldade de se antever o futuro, na sabedoria popular de que Deus escreve certo por linhas tortas, nos caminhos tortuosos da existência, pois se soubéssemos direitinho o que aconteceria, não aconteceria, no modo como a Vida não deixa de ser engraçada, fazendo de Tao tal comediante, repleto de senso de humor, na capacidade humana em rir da Vida, encontrando ironia e graça, na ironia de que a Eternidade nos espera, nunca findando, desde poder tão desmedido que é Deus, o infinito. A cesta vazia é tal sensação de vazio de uma pessoa rica, na ironia de que quanto mais tenho, mais vazio me sinto, no modo como uma pessoa rica só pode se manter sã se trabalhar, na ironia de que quando vamos a uma loja e adquirimos um cobiçado produto, sentimos um vazio de vazio, na ironia dialética de que tudo traz em si sua própria contradição. Aqui é o desafio de se impor ordem a um lote selvagem, no árduo trabalho de colheita.

 


Acima, O pintor Bruno Liljefors. Aqui é uma ironia de metalinguagem, pois é pintor pintando pintor, na mesma ironia de ator interpretando ator. O frio da neve é o pensamento racional, como na glacial Galadriel de Tolkien, nobre, fria, intimidadora, estranha, poderosa, misteriosa, bela, arrebatadora. A neve é tal beleza invernal, no modo como a neve é rara no Brasil, fazendo com que uma leve nevasca se torne notícia nacional, encantando turistas nas serras gaúcha e catarinense, pessoas que vêm ao sul brasileiro exatamente para passar frio! O senhor aqui é altivo e elegante, digno de respeito, no desafio de uma pessoa recém entronada, tendo que conquistar o respeito do povo, numa árdua prova de popularidade, como numa jovem e tímida Elizabeth II, tendo aprender “na marra” a ter altivez e majestade, no modo como uma coroa pode pesar sobre uma cabeça, no modo como na Vida não se pode ter tudo: Charles III, apesar de rei, não tem um único pingo de carisma, assim como sua rainha consorte, ao contrário de Diana, a qual perdeu o título oficial de alteza, mas era uma bomba atômica de carisma, arrebatando fãs ao redor do Mundo numa adoração quase religiosa, rendendo o filmão A Rainha, num Oscar merecidíssimo para a deusa Hellen Mirren, a qual, ao receber o cobiçado troféu, ergue-o e disse altivamente e energicamente: “A Rainha!”, no modo como a Academia de Hollywood ama as tradições britânicas. O senhor aqui olha para o lado, alheio, mal sabendo a atenção que atrai, numa pessoa que vai vivendo instintivamente, em pessoas que brilham, partindo do nada e conquistando as pessoas, como num Gisele: De jure, pessoa comum; de facto, princesa, na lacuna considerável entre teoria e prática. A neve fria é a mortificação espírita, no modo como somente a mortificação pode trazer paz à pessoa, numa pessoa que vai parando de dar ouvido a bobagens, atendo-se ao que é significante e nobre, ficando imune aos apelos auspiciosos, como uma pessoa que vai se tornando imune aos apelos da Sociedade de Consumo, na metáfora de Matrix, quando o indivíduo é um escravo de um sistema: Eu tenho que acordar, para trabalhar, para ganhar dinheiro e comprar um celular último tipo, no modo como a vida é boa quando é simples, do contrário não pertenço a mim mesmo, mas a um sistema opressor, como se fosse uma ditadura, oprimindo a aterrorizando o cidadão, possuindo este, na analogia entre Fascismo e Comunismo – é tudo ditadura igual, meu irmão. A neve é plácida e silenciosa, caindo quieta, na sedimentação de uma pessoa centrada, que canaliza sua própria energia, numa pessoa serena, ao contrário da tempestuosa tenista Serena Williams, tendo ataques de mau humor na quadra, contradizendo o seu próprio nome plácido. O cinza aqui é a discrição, numa pessoa que vive seus dias com simplicidade, curtindo pequenos prazeres como estar no lar, quieto no seu canto, na figura folclórica do Preto Velho, quietinho no seu canto, retirado, quase invisível, só observando os egos ascendendo e descendendo, no jogo de fogueira de vaidades humanas, na letra da canção de Tears for Fears: “Todo mundo quer mandar no Mundo!”. As mãos nos bolsos são tal recato, tal retiro, quase numa timidez, nas palavras sábias do genial e tímido Luis Fernando Veríssimo: “O tímido é, de fato, uma ‘Elke Maravilha’ de chamativo”, nas engraçadas contradições, como na cantora feminista Madonna: Por traz de tal perfil agressivo, provocador e transgressor, existe uma mulher extremamente careta, no ditado popular: “Casa de ferreiro, espeto de pau”. A neve aqui é como merengue ou marshmallow, em delícias de chocolatarias gramadenses, em lojas com perfume de cacau e baunilha, no gostoso pecadinho da Gula, esse pecadinho inocente, maravilhoso, como fazer um brigadeiro de panela, comendo-o ainda quentinho, na trinca fabulosa: Cacau, leite e açúcar, na universalidade da Gastronomia, como o sushi ganhando o Mundo. A neve é como fino cristal, na magia de um prisma, decompondo a luz branca e trazendo um leque mágico de cores, na magia de lustres de cristal, na fineza inabalável do Plano Metafísico.

 


Acima, Ols Maria. Aqui é uma exceção, numa mulher de Zorn que não está nua. O lenço é o recato, como nas tradições islâmicas que oprimem a mulher, castrando a sexualidade feminina. O lenço também remete às mulheres com Câncer, tendo que passar por uma grande provação de autoestima, tendo que raspar a cabeça e ficar meses sem cabelo, no modo como tudo no Mundo gira em torno de Saúde – física e psíquica. Aqui temos este pincel talentoso de Zorn, em pinceladas apaixonadas e vigorosas, nos inevitáveis movimentos de transformação da Arte, como na transgressão impressionista, desafiando a Academia tradicional e trazendo sopros de renovação, no sopro de renovação que são os cabelos ondulados de Gisele, imitado por mulheres do Mundo inteiro, derrubando a “ditadura” dos lisos, numa moda capilar que se estende incrivelmente, fazendo jus à famosa capa da revista Veja com Gisele, equiparando-a a Pelé e Senna, nesses heróis nacionais nos quais o povo brasileiro projeta e deposita esperanças, em heróis nacionais como Chespirito ou Maradona, em funerais grandiosos e pomposos, dignos de grandes homens. Podemos ver pouco dos cabelos de Maria, como na imagem de Nossa Senhora, recatada, pudica, com o corpo quase todo coberto, na noção de que, quando somos respeitados, as pessoas mal se importam se estamos acima ou abaixo do peso, no caminho do respeito, na letra de uma das canções de Britney, não se sentindo muito respeitada: “Eu sou aquela que está muito gorda e, depois, muito magra!”, no modo como a celebrização mundial expõe a pessoa aos olhos públicos, com pessoas midiaticamente expostas, em artistas que tanto sonham com fama, numa Hollywood que frustra tantos sonhos de aspirantes a astro. O lenço aqui remete às fantasias carnavalescas de cigana, na cultura vibrante dos ciganos, como uma cigana que me abordou certa vez na Rua, uma pessoa de energia boa, deixando-me energizado, dando-me uma sensação boa, no modo como o povo cigano sofre muito estigma e perseguição, sendo perseguidos por Hitler, o maior sociopata de todos os tempos, o sociopata que e ídolo de outros sociopatas que vivem no Mundo, como uma pessoa que conheci, a qual insinuava admiração por Adolf – é um horror. A moça é jovem, bela e triste, sem o mínimo resquício de alegria ou sorriso, como num pessoa decepcionada ou desiludida, no modo como a Vida nos traz inevitáveis decepções, nas palavras de Barbra: “É possível sobreviver aos desapontamentos da Vida!”, numa artista de talento monstruoso, na prova de que tudo o que a pessoa precisa mostrar ao Mundo é talento, ao contrário de pessoas obtusas que só puxam ferro numa academia, pessoas reduzidas a um pedaço de carne, nada mais – é bem desinteressante. A roupa aqui é de um vermelho escuro, discreto, longe de uma vibrante mulher de vermelho, como uma certa feiticeira que conheci, uma mulher linda, de vermelho, numa beleza de relva verde e cheia de Vida, na beleza eterna da Natureza, das flores e anjos cercando Nossa Senhora no Céu, como num majestoso coral gospel, na fabulosa união entre Arte e Religião, como no Antigo Egito, numa mistura entre Arte, Religião e Política, num faraó que não era considerando um homem comum, mas um descendente dos deuses, num líder semideus, contrastando com o paradigma democrático: O presidente é um dos nossos irmãos, eleito por nossos votos, num governo de poucos anos, num caminho de eterna renovação, num paradigma poderoso, que reina no Mundo, derrubando a Realeza Francesa, na ruptura de revolução, chocando o Mundo com a execução da Maria Antonieta, a menina privilegiada que não tinha ideia do sofrimento de seu próprio povo. As mãos de Maria aqui são jovens delicadas, mãos de dama, sem calos de labor, numa mulher privilegiada, como as mulheres da realeza egípcia tinham acesso a perucas, visto que, como os piolhos eram endêmicos no Egito Antigo, todo e qualquer egípcio raspava a cabeça – desde o escravo até o faraó. A roupa rubra faz um continuum com o rubor da moça, saudável, como mulheres usam blush para realçar suas bochechas.

 


Acima, Ônibus. Uma cena urbana, citadina, moderna à época, no pioneirismo inglês ao construir o metrô londrino, no modo como a Revolução Industrial chegou mais tarde em países mais pobres, como o Brasil, no título de nação subdesenvolvida, no Real brasileiro tão desvalorizado frente ao Dólar Americano ou ao Euro. Podemos sentir aqui um sacolejar na condução, em estranhos pegando a condução, na recomendação de não se conversar com estranhos no metrô, no episódio de Seinfeld, quando George Costanza é vítima de uma golpista a qual abordou dentro do trem de metrô em Nova York, no modo como é lamentável que tais seriadões acabem, como Friends e Will and Grace. Aqui, a cor predominante é o preto, discreto, na cor do luto respeitoso, como vi assistentes de palco de preto na peça Crazy for you, com Claudia Raia, uma artista completa, atuando e cantando, sabendo conduzir muito bem seus papéis, num talento inegável, fruto de muita dedicação e disciplina, como uma ferrenha professora de Dança que conheci, uma pessoa bem dura e exigente, beirando a indelicadeza, sabendo do valor imprescindível da disciplina, dando-me um “xixi” quando fiz para ela uma inocente brincadeira, no risco que corremos ao fazermos uma brincadeira – o risco da pessoa não levar na esportiva, fazendo do senso de humor um dom, uma dádiva. Aqui os passageiros estão entediados, sacolejando, no modo como muitas conduções peguei até hoje em minha vida, remetendo a um senhor que, apesar de já ter sido governador do Rio Grande do Sul, tem a simplicidade de cidadão de andar de transporte público por Porto Alegre, numa pessoa que, apesar do sucesso na carreira política, mantêm-se humilde e discreto, ao contrário do Ser Humano em geral, o qual, ao obter um ínfimo sucesso, já entra em narcisismo, achando-se o máximo, no modo como a Vida vai nos ensinando duras lições de humildade – quem é humilde não “quebra a cara”, na importância de valores como discrição e pés no chão, na sabedoria popular de que a arrogância precede a queda, como um certo político, o qual sofreu impeachment, impedido de exercer a função, um senhor que, em sua prepotência e soberba, mal se importava com as dores das pessoas, pois o líder que se afasta de seu próprio povo deixa de ser líder, como nos Romanov fuzilados pelos comunistas. A mulher carrega uma caixa, um presente, um mimo, numa pessoa generosa, que gosta de presentear, numa pessoa que faz as coisas nunca esperando algo em troca, no caminho da mortificação, quando a pessoa deixa de ter expectativas, pois a expectativa é irmã gêmea da frustração, e a frustração é depressora e triste, complicada, dura de ser superada. Ao fundo no quadro, um homem sonolento, quase desabando no assento, no gostoso pecadinho da Preguiça, em coisas simples como dormir agarradinho com seu cônjuge, deixando que as horas passem, em prazeres que não custam um só centavo, como tomar café da manhã no colo do cônjuge, no modo como o melhor da Vida é de graça, no caminho da simplicidade. Todos na cena são garbosos, com seus chapéus, um adereço que atualmente está tão em desuso, remetendo a épocas em que as pessoas eram glamorosas, como na famosa via portoalegrense, a Rua da Praia, no auge ao redor dos anos 1940, com as pessoas arrumadas passeando, fotografadas por fotógrafos de Rua, os quais registravam o garbo dos cidadãos, vendendo as fotos a estes, como minha avó paterna Nelly, então uma linda moça com cintura delgada e elegante, no modo como, depois do Desencarne, a pessoa opta por qual aparência ter no Plano Metafísico, rejuvenescendo a vivendo jovem para sempre, na vida maravilhosa metafísica que nos espera, o lugar onde permanece soberana a necessidade de se trabalhar, mas sem sermos wokaholics, no caminho do autorrespeito, pois até Ele descansou no sétimo dia! Bem ao fundo vemos um garboso senhor de cartola, algo hoje fora de uso, num Churchill de cartola recém empossado, com a responsabilidade de formar um governo em nome da monarca, numa geração marcada pela II Guerra Mundial.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

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