quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Anders Zorn de A a Z (Parte 3 de 7)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o pintor sueco Anders Zorn. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Sra. Symons. Os abastados, que tinham dinheiro para bancar uma pintura de Zorn. A aristocrata aqui veste um luxuoso traje de pele de animal, na época em que tais peles não eram consideradas antiecológicas, num traje que era símbolo de status e privilégio. É como no estágio humano primitivo, no qual os seres humanos deixavam de andar nus e vestiam peles de animais abatidos, como no filme Dança com Lobos, com peles de búfalos extraídas impiedosamente em solo selvagem americano, algo absolutamente impensável nos dias de hoje, na era do lixo reciclável, em trunfos como o Alumínio, o qual pode ser reciclado inúmeras vezes, num Mundo que acredita na sobrecarga sobre o Meio Ambiente, em lugares tão sujos como as águas cariocas da Baía da Guanabara. A mulher aqui está aprumada para um evento solene de luxo, para o qual as pessoas se arrumam muito, buscando ter a melhor aparência possível, imitando os eventos de gala lindos do Plano Metafísico, no lugar atemporal em que todos são belos, jovens e vigorosos para sempre, na metáfora do filme Vanilla Sky, no indivíduo que repousa num “sonho lúcido”, como se desencarnado, rejuvenescendo e vivendo jovem por toda a Eternidade, sobre a qual não é possível de se falar, no conceito espírita: Deus é o infinito, nas vastidões cósmicas, muito além da compreensão humana, num Cosmos no qual a velocidade da luz é para lá de vagarosa, apesar de que, com ela, seja possível das sete voltas ao redor da Terra em apenas um segundo. Symons aqui está enjoiada, enfeitada, em privilégios sociais como pedras preciosas, remetendo à revolução de Chanel, para a qual o que importa é o efeito do adereço, e não o valor comercial de tal adorno, como uma linda mulher adornada com flores no cabelo, num enfeite de flores silvestres primaveris, num enfeite que não custou um só centavo – estilo vem de dentro, vem da cabeça da pessoa, vem de critérios, os quais a pessoa tem que aprender por si mesma, pois não há livro ou faculdade que nos ensine a ter estilo, em figuras fashion como Madonna, num charme e num estilo de arrebatar o Mundo inteirinho, ao contrário de uma Celine Dion, a qual, apesar de ter uma voz de anjo, não tem um só pingo de estilo – na Vida não se pode ter tudo, como Charles III, o poderoso rei que não tem um único pingo de carisma, ao contrário de Diana, uma bomba atômica de carisma que perdeu o título oficial de Sua Real Alteza. O casaco aqui é um recato, e pouco podemos ver do corpo da modelo, como numa imagem de Nossa Senhora, pudica, praticamente toda coberta por roupas e mantos, na metáfora: Quando sou respeitado, as pessoas não estão nem aí se estou acima ou abaixo do peso, nas palavras de uma canção de Britney Spears, não se sentindo muito respeitada: “Eu sou aquela que ou está muito magra, ou muito gorda!”. Ao fundo vemos suntuosas cortinas de veludo, como nas cortinas da devastada casa de Scarlet em ...E o vento levou, numa miséria de devastação bélica, com a forte personagem tecendo um vestido a partir das cortinas que sobreviveram aos horrores bélicos de destruição, pois as guerras são isso: Fome, destruição e privação, em cruéis terroristas retendo reféns inocentes – é um horror. O vestido aqui é fino, de festa, suntuoso, como no tapete vermelho do evento de gala novaiorquino Met Gala, com as mulheres concorrendo entre si para ver qual delas tem o vestido mais maravilhoso, nas fogueiras de vaidades do ego, no modo como o Ser Humano pode ser fútil e alienado dos problemas do Mundo, ao contrário de celebridades que fazem trabalho voluntário em zonas de guerra, fome e privação, numa Terra que é tão dura, cheia de sociopatas deselegantes, nos versos de uma canção da deusa negra Tina: “A Vida é dura, mas há uma razão para isso”, no grande sentido da Vida, que é o crescimento, numa pessoa que, em meio a vicissitudes, vai crescendo como espírito, depurando-se moralmente, tornando-se um espírito de paz, verdade e luz, como no “banho de luz” do passe espírita, na luz divina de nosso anjo da guarda, o qual sempre quer nos levar pelo bom caminho – ninguém está sozinho. O cabelo de Symons está ajeitado e domesticado, por assim dizer, no glamour de um bom cabeleireiro.

 


Acima, Sra. Valter Rathbone Bacon. O cão é a disciplina e a lealdade, no ponto em que o Ser Humano começou a domesticar canídeos selvagens, em mutações genéticas que geraram o cachorro atual, na intervenção humana sobre a Natureza, desbravando terras e cultivando plantações, como no pobre imigrante italiano na Serra Gaúcha, o qual recebia um lote de terra selvagem, puro mato, num colono de grandes calos nas mãos, encarando uma vida dura, na qual o colono, no início de residência, quase passava fome, gerando a fartura absurda das galeterias, no sonho do imigrante com uma mesa farta, de rei. Aqui são essas mulheres que se arrumam muito para posar para Zorn, vestindo suas melhores roupas, como uma mulher estilosa, que ama roupas e moda, resultando em mulheres elegantes, que levam muito a sério o se aprumar na hora de vir a público, como na aparência impecável de uma Evita Perón, sabendo que, na vida pública, a aparência da pessoa é essencial, ao contrário de uma certa mulher da política brasileira, qual já poderia ter sido eleita presidente se arrumasse-se mais, numa mulher que precisa ter design de sobrancelha, tintura de cabelo, maquiagem, joias e manicure, talvez numa mulher que crê que, se arrumar-se demais, não será levada muito a sério, no modo como uma dondoca improdutiva não é muito respeitada. As pinceladas aqui de Zorn são vigorosas e apaixonadas, como nas meninas de Renoir no MASP, o quadro que é uma das estrelas do lindo museu, numa burguesia que tinha dinheiro para tais encomendas, numa burguesia moderna, antenada com a onda impressionista, nessas vogues que geram comoções, como na chegada do som ao Cinema, no filme O cantor de Jazz, fazendo do Cinema uma arte e não apenas uma distração curiosa, até chegar na Nouvelle Vague, quando o Cinema mostrou todo o seu peso de pensamento e protesto, no modo como as artes não são futilidades, e sim uma forma de expressão humana – os macacos não produzem Arte. A senhora olha para o espectador, como num artista querendo dizer algo, querendo se comunicar, no desafio que é a pessoa se expressar com clareza, em artistas que vão tão longe em termos de expressão, como nos grandiosos Christo e Jeanne-Claude, em instalações absurdamente grandiosas, impossíveis de ser ignoradas, no momento em que o artista “coloca o pau na mesa”, com o perdão do termo chulo, em artistas que se esforçam ao máximo para proporcionar ao público o espetáculo mais grandioso de todos os tempos, como nas palavras de Michael Jackson pouco antes de ter uma parada cardíaca sob efeitos de um forte tranquilizante, querendo proporcionar uma experiência única ao fiel fã, em fãclubes tão volumosos, como no clipe do megahit I will always love you, com mais de um bilhão de acessos no Youtube. O vestido aqui é leve e floral, como num bom vinho branco frutado, num perfume de salada de frutas, com notas florais, com notas de goiaba, laranja, um vinho que deixa na boca tal sabor perfumado – sim, sou grande apreciador de vinhos! O piso aqui é luxuoso, confortável e acarpetado, digno de uma casa de elite social, em crianças que nascem e crescem em meio a tais privilégios, estudando em instituições particulares de ensino, nesse esforço de um pai e de uma mãe em prover tal status aos filhos, remetendo ao brutal caso de Suzane, a menina rica que tramou o assassinato dos próprios pais, nesta capacidade sociopática de absolutamente faltar com o apuro moral, num assassino que não dá valor algum à Vida, um espírito miserável que vaga pelas terras inóspitas e infernais do Umbral, a dimensão em que perdemos a noção de tempo e espaço; a dimensão dos que subestimam o poder supremo do Amor. Aqui é uma doce cena de verão, pois o decote do vestido é aberto, arejado, no glorioso momento de férias, nas quais nos desligamos temporariamente do Mundo, na hora de encerrar o veraneio e voltar à Vida, como acordar de manhã cedo para encarar a Vida, ao contrário de um morador de Rua, o qual mora na Rua porque quer, com todas as suas forças, fugir da seriedade da Vida, no modo como a esmola só incentiva a pessoa a permanecer mendigo.

 


Acima, título não informado na referência bibliográfica. Podemos sentir aqui o frescor da vida ao ar livre, com uma água silvestre, selvagem, fresca, em minhas memórias de infância, em passeios por terras rurais, selvagens, em um rio caudaloso, paradisíaco, sem ser tocado pela devastadora mão humana, com girinos nadando pela água, na explosão de Vida, na força da Vida, sempre encontrando um meio para fluir e brotar, numa árvore lutando pela Vida, crescendo por um lugar ao Sol, nas palavras de um certo sábio psiquiatra: “Tens que ter mais agressividade, pois vives num Mundo competitivo”, na forma como já na escola a competição acontece, com o aluno estudioso que é o queridinho da professora, até chegar à outra extremidade do leque, com os alunos mal comportados e pouco estudiosos, fazendo metáfora com a fila de aquisição de apuro moral, estando no fim da fila os que mentem descaradamente, acabando rechaçados pelo corpo social, como num Clinton, o qual está até hoje pagando por ter mentido em relação à sua infame amante Monica Lewinsky, ao contrário de Hillary, a qual tinha tudo para sair humilhada, mas acabou vitoriosa, encarando o “bicho” de frente, sempre ciente das inclinações sexuais do marido – “meu marido não é perfeito, mas eu o amo”. Aqui é a inocência da nudez, com mãe e filho nus no rio, no Éden antes da serpente, quando os sexos eram destapados, havendo então a advento da malícia, no mito misógino de Eva, a mulher responsável por todos os males da Humanidade, num ser que era um mero arremedo da obraprima de Deus, que é Adão, surgindo o mito feminista da Mulher Maravilha, a mulher da verdade, blindada, forte, de presença séria no corpo social, rechaçando balas de canhão, numa mulher independente, que tem autonomia de voo, numa sociedade que vê com maus olhos da mulher que não está sob a sombra de um homem – é muito machismo, meu irmão. Aqui é o glorioso momento de banho, no ritual diário de purificação, resultando no senso comum baiano, no qual é perfeitamente normal tomar dois banhos por dia, quiçá três, ao contrário do padrão cultural do Sul do Brasil, que é apenas um banho diário, como uma pessoa que desencarna e vai para a sujeira do Umbral, sendo resgatada por um espírito de luz, que leva tal pessoa a um banheiro ensolarado para um bom banho, num sacro ritual de purificação, no ato de autoestima que é o se banhar e perfumar-se, no caminho do amor próprio, como uma pessoa que se arruma antes de sair de casa, como numa Elizabeth I, totalmente arrumada na hora de aparecer perante o súdito, conquistando a fé deste. Aqui são as agradáveis águas uterinas, no receptáculo primordial, no Útero Sacrossanto de Nossa Senhora, o mito que nos ajuda a compreender o sagrado e o metafísico, numa dimensão tão nobre e pacífica, num lugar onde ninguém quer enganar ninguém; um lugar que é a vitória do amor, da bondade e da verdade, o recreio justo dos que dão valor à Vida. A mãe aqui é um guia, cuidadosa, cuidando para o filho não se deparar com águas muito profundas, nas palavras de zelo a um filhinho na beiramar: “Não vá no fundo!”. Aqui é como no primeiro banho da vida do indivíduo, lavado dos resquícios orgânicos uterinos, no ritual do batismo, no qual o indivíduo é “perdoado” por ter nascido de uma relação sexual. Aqui temos esta pincelada tão talentosa de Zorn, no reflexo na água, na fluidez, e podemos ouvir o agradável som de água fluindo, num processo intermitente, eterno, no presente da Vida Eterna, um imensurável presente, no poder absurdo que faz com que jamais findaremos, inconcebível para a pequena mente humana. Aqui é como na inocência de uma praia de nudismo, num espaço pré serpente do Éden, com a nudez sendo vista como algo natural, inocente, como uma professora freira que tive, a qual, ao ver que os jovens alunos estavam muito maliciosos em relação a Sexo, resolveu dar semanalmente aulas de Educação Sexual, pois Tao não pode ter vergonha de algo que Ele mesmo criou.

 


Acima, Uma família musical. Aqui é como uma reunião de sarau, e podemos ouvir o perfume melódico pairando no ar, como num pobre artista de Rua, tocando para sensibilizar insensíveis transeuntes que passam indiferentes, num artista tão fino e tão pobre, na dureza da Vida, inevitável dureza, sendo invejadas as pessoas que obtém sucesso. Este quadro é incerto e sem um centro, e vemos uma grande porção do quadro como um vazio, que é o vazio de Tao, no vazio da orla, a página em branco na qual podemos escrever, numa pessoa que é útil e pertinente ao Mundo, como um vazio copo de água, vazio em sua dignidade, servindo para servir bebidas, numa pessoa útil ao Mundo, encontrando-se existencialmente, encarando o sisudo e pacato labor diário, numa pessoa privilegiada, que encontrou sossego em seus dias na Terra, produzindo, trabalhando e mantendo a mente ocupada com algo nobre e produtivo, ao contrário de uma pessoa que faz do Sexo um leilão, sem construir algo e sem chegar a algum lugar, como numa pessoa não muito inteligente, que acha que precisa fazer filmes pornôs, sem eu aqui querer ser moralmente contra tais filmes, pois cada um faz o que quiser de sua própria vida, havendo o momento da verdade, no desencarne, quando a pessoa se debruça sobre a própria vida e observa tal débito, como uma pessoa que conheço, uma pessoa fina, inteligente, sofisticada e de bom gosto, mas uma pessoa que se escondeu sempre do Mundo, nunca mostrando a este algo de bom, numa pessoa que esperou demais, sendo, hoje, tarde demais – espero que na próxima encarnação você não perca tanto tempo, meu querido amigo! Os instrumentos musicais são tal produto fino e artesanal, diferentes de instrumentos sintéticos, de fabricação numa esteira industrial, na diferença entre a colheita de uva e a colheita de soja, sendo esta mais fácil, totalmente mecanizada, fazendo do vinho tal produto caro, numa bebida que exige muito trabalho e investimento para ser produzida. O cenário aqui é simples, não luxuoso ou aristocrático, como um grande amigo meu, o qual me ensinou que, na Vida, podemos ser felizes com pouco, no modo como uma pessoa rica só pode se manter mentalmente sã se trabalhar, no poder do trabalho, nas sábias palavras de um DiCaprio: “Realmente, não pode faltar trabalho!”. A luz aqui é fraca, talvez de uma lareira à noite, numa casa que, apesar de humilde, é acolhedora, na sofisticação da simplicidade, fazendo do simples pão com vinho um jantar excelente. Aqui temos uma harmonização, com cada um tocando seu instrumento, numa concórdia, como numa banda, em fenômenos longevos como o U2, sobrevivendo a décadas de vida pública, com a mesma formação original dos anos 1980, numa espécie de casamento sem sexo. Aqui é o momento de descanso e entretenimento do proletário, numa pausa em meio a uma vida dura, de árduo labor, nas mãos calejadas do colono italiano no Sul do Brasil, só não trabalhando no Domingo porque o padre e a religião não permitiam, no modo como a Vida não pode ser apenar labor, labor e labor, como um senhor workaholic que conheci, o qual não se dava ao respeito, só trabalhando, nunca vivendo, chegando ao ponto de ficar quarenta e oito horas ininterruptas sem dormir ou descansar – dê-se ao respeito, homem de Deus! O chão aqui é simples, talvez de terra, numa casa humilde, longe dos aristocratas pintados por Zorn, talvez num pintor nunca obcecado em pintar os retratos de ricos, encontrando na simplicidade a sofisticação, nas sábias palavras de da Vinci: “A simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação”, como nas linhas limpas e simples de Brasília, na busca por uma identidade nacional, neste grande desafio do Cinema Nacional Brasileiro, que é encontrar uma identidade, não sofrendo tanto com a influência de Hollywood, na expectativa para ver qual será o primeiro brasileiro da História a ganhar um Oscar. Aqui é um momento de interação social, talvez com os vizinhos, como numa recente festa de confraternização de meus vizinhos de porta, num talento de uma pessoa que une o corpo social.

 


Acima, Valsa. O quadro aqui não tem um certo centro, e boa parte do chão do salão de festas está vazia, nesse poder gravitacional – a sensualidade reside, precisamente, nos espaços vazios, os quais ser ocupados, sendo úteis. Aqui é um mágico momento de evento social, na elegante valsa, nos casais fluindo pelo salão, e houve uma época, quando recém surgiu a Valsa, em que tal dança era considerada imoral e indiscreta, ao contrário de hoje em dia, quando a Valsa é considerada para lá de chic – a verdade é filha do tempo. Existe um choque entre masculino e feminino aqui: por um lado, as mulheres vestem trajes coloridos, diversificados, criativos e brilhantes; já, os homens vestem seus sisudos e discretos smokings, com todos os cavalheiros com o mesmo aspecto, no jogo de sedução entre loucura e razão, na ironia de que tudo traz em sai sua própria contradição, pois se dizemos que as mulheres são coloridas, é porque vemos o oposto, que é o bicromático masculino de preto e branco, no discernimento de que fácil e difícil são faces do mesmo trabalho. Uma lamparina luta para iluminar o espaço de baile, no poder do esclarecimento, como dois civilizados cavalheiros conversando e buscando uma saída pacífica, ao contrário de dois jogadores de Futebol brigando em campo, chocando suas frontes como machos competindo por uma fêmea, num estágio primitivo de vida humana, pré civilização, no choque no início do filme 2001, no contraste entre rude e sofisticado, num caminho evolutivo, como um civilizado psiquiatra, sentando para conversar cordialmente, num tato diplomático, sempre buscando por meios polidos de resolução, como num leão cruzando cuidadosamente um rio, como se soubesse que ali pode haver perigo, buscando saídas que evitem ao máximo o conflito bélico, no momento cruel em que, definitivamente, esquecemos que somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei, num Deus que não gosta do sofrimento causado pelas guerras, como no final do filme Dogma, quando Deus, representado por Alanis Morissette, restabelece a ordem e a harmonia, num filme que pode parecer deboche, mas que acaba reforçando a respeitando a fé em uma Inteligência Suprema. A mulher de costas veste um traje absolutamente deslumbrante, elegantíssimo, fino, talvez a mais linda mulher do baile, como na canção pop dos anos 1980 Lady in red, ou seja, Mulher de vermelho, numa letra que narra o impacto de tal mulher avassaladora no salão de baile, como na canção Maria do Socorro, de Maria Rita: “Ela vai pro baile funk (...) E no baile só dá ela! Já foi Miss Comunidade da favela”. Aqui é como no primor de produção do estonteante A época da inocência, num mundo abastado de privilégios, no caso tórrido de dois amantes que sofriam com a fria lógica do Mundo, num amor impossível, que prejudicaria a vida de ambos os amantes, com a mulher, ao fim do filme, caindo em si mesma e mandando o amante à merda, com o perdão do termo chulo, na questão de que, antes de romantismo, tem que haver cabeça, razão, fria razão, como uma mulher avaliando a consistência de uma proposta de casamento, sabendo que não pode faltar razão em um relacionamento. Aqui sentimos o odor de tabaco no baile, combatendo o perfume dos bailantes, como uma pessoa voltando da balada, fedendo a cigarro, nas sábias palavras do senhor meu pai a mim e minha irmã, ainda infantes: “A melhor época para parar de fumar é antes de começar a fumar!”. Depois do suntuoso baile, há os vestígios da festa, num salão repleto de lixo, num deprimente fim de festa, quando a sisudez cinzenta da Vida retorna a nossos olhos, fazendo da festa um momento breve de nos desligarmos da dureza de tal Vida, como num fim de Carnaval. Aqui é um mundo heterocentrado, no qual homossexualidade é um inominável mal que vem do Inferno, no modo como faz muito pouco tempo que a Homossexualidade foi oficialmente retirada da lista de enfermidades psíquicas, levando um longo tempo até o Senso Comum absorver tal noção. Aqui é o momento de flerte, como numa missa, na interação social ao fim do culto, com uma mulher que espera interagir com algum rapaz.

 


Acima, William Howard Taft, 27º Presidente dos EUA. Aqui é esta paixão de Zorn pelos EUA, tendo viajado várias vezes para tal país, num país que se tornou o que melhor entendeu os valores democráticos da Revolução Francesa, nas palavras do hino nacional de lá: “Terra dos livres! Lar dos valentes!”. Taft posa como um rei num trono, mas sabendo que não é presidente – ele está presidente, como meu falecido cunhado, o qual construiu carreira e se tornou presidente nacional da Caixa Econômica Federal, sendo, posteriormente, exonerado do cargo pelo presidente da república em exercício. O bigode aqui é digno do personagem Hercule Poirot, de Agatha Christie, no detetive belga que esclarecia misteriosos assassinatos, numa escritora que tanto mexeu com a percepção do leitor, levando este por pistas falsas, que dificultavam a detecção do assassino, sendo uma mulher um dos maiores vendedores de livros do da História do Mundo, na prova de que inteligência não tem gênero. O homem aqui é digno, servindo a seu país, no discurso de posse de Elizabeth II: “Juro que minha vida, seja curta ou longa, será devotada a servir o povo da Inglaterra”, num enorme peso de responsabilidade, até um JFK ser alvo de um atirador, um assassino em busca de reconhecimento, como num atentado terrorista, num Bin Laden buscando tal evidência internacional, produzindo o dia em que a Terra parou, tendo a Casa Branca escapando por um triz de também ser atingida. Aqui é como na altivez de uma face numa moeda ou num selo de correio, no perfil do regente, como no paradigma estético do Antigo Egito, com as faces humanas de perfil sempre, numa “norma” artística transgredida por Aquenáton, o faraó “louco” e herege que produziu um momento tão peculiar na história de seu país, negando todas as tradições artisticorreligiosas, num momento que é por muitos considerado a aurora do Monoteísmo, produzindo, depois, os três grandes ramos: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, num Mundo tão aguerrido, num Ser Humano incapaz de respeitar o próprio irmão, em guerras nas quais o diálogo cortês é ignorado e subestimado. Taft aqui está sisudo, engravatado, formal, sentindo as pressões do dia, no irônico modo como um homem obtuso como Trump pode ter sido eleito para tal cargo de suma importância, com o líder que, ao responder a uma pergunta de um âncora da CNN, fez este dizer: “Isso é um argumento de uma criança de cinco anos de idade!”, como uma certa popstar altamente bem sucedida, a qual é mais esperta do que inteligente, no modo como a sensualidade existe na cabeça, e não no corpo, produzindo pessoas vazias por dentro, apenas com boa aparência. Taft aqui vislumbra o futuro para o Povo Americano, num país tão vasto e heterogêneo, como o Brasil que é feito de pequenos brasis, no desafio de unificação da Itália, um país heterogêneno, no “abismo” que existe, por exemplo, entre o Vêneto e a Sicília. A cadeira aqui é tal posição de poder, num privilégio, como num FHC “destronado”, sentindo saudades da linda e ampla piscina da residência presidencial, nas doces regalias do poder, como meu cunhado que já citei nesta postagem, o qual, certa vez, como presidente da Caixa, ganhou um panetone de “apenas” cinco quilos, ou seja, o equivalente a dez panetones de tamanho tradicional, tendo que “sambar” para distribuir o alimento para outras pessoas, pois quem vai comer de uma vez só um pão de cinco quilos? Aqui é como cada país tem suas próprias tradições, como na Festa da Uva, no poder das tradições em girar em torno da infinitude metafísica, dando-nos a impressão de que o tempo não passa, como na eleição de uma nova rainha a cada edição da Festa, girando em torno da juventude eterna da regente da colônia espiritual. Aqui é um país construído patriarcalmente, nos grandes pais da república, como Lincoln, sentado eternamente em sue trono de poder, eternizado pela dignidade de serviço a seu amado país, no modo como nada há de errado no patriotismo, mas no chauvinismo, que é um patriotismo “xiita”, radical, cego.

 

Referências bibliográficas:

 

Anders Zorn. Disponível em: <www.en.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

Anders Zorn. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 8 nov. 2023.

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