quarta-feira, 1 de junho de 2022

Ordem e Progresso

 

 

Cearense de 1922, Antonio Bandeira faleceu em Paris em 1967 – morreu jovem. Mestre autodidata do Abstracionismo, inovou usando materiais pouco usados como miçangas, barbantes e isopor. É um artista reconhecido no Brasil, EUA e Europa. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, A Árvore Vermelha. Uma explosão, como na aceita teoria do Big Bang, o boom que deu origem à vastidão inacreditável do Universo, na dúvida: O que havia antes da explosão? Como é poderosa a ideia de que Deus sempre aqui esteve e sempre estará! É claro que existe um Grande Arquiteto. Aqui é como um alívio, um orgasmo ou uma despressurização, no exorcismo de alguma tensão, de alguma preocupação, como na resolução de algum mal entendido, com dois cavalheiros que se sentam e conversam cordialmente, na elegância do trato polido, fazendo da polidez diplomática a esperança de que existe um mundo sem guerras ou ambições. Aqui é a explosão da Vida, numa avassaladora Primavera, quando a Vida retorna ao palco, como um urso acordando da longa hibernação, como na volta das pessoas do exílio nos tempos finais da ditadura militar brasileira, sob a música da Anistia, que é a maravilhosa O Bêbado e a Equilibrista, com artistas finos, que driblavam a censura em manifestos finos e sutis, como Águas de Março, ou como na ironia genial de um Chico Buarque, no modo como é frustrante para um artista ser censurado e proibido, num desrespeito à inteligência artística, fazendo da geração de meus pais uma geração “sequelada” por tal regime – não deveria ser fácil ser jovem naquele momento. Aqui é um espumante estourado numa premiação de Fórmula 1, no banho de champanha, num desperdício deselegante: espumante é para beber e não para jogar fora, rapaz! Aqui é como num boom de um escândalo, numa Sophia Loren sendo presa por sonegação de impostos, ou como no polêmico livro Sex de Madonna, o qual nada mais é do que um livro de nu artístico, e de muito bom gosto. Aqui é uma reação em cadeia, na capacidade de uma pessoa em provocar e estimular as pessoas, algo que pode ser um jogo meio bobinho, pois o que importa mesmo é ser respeitado profundamente, nas palavras de uma sábia senhora que eu conheço: Você tem que ser muito austero e digno de respeito, pois, fora disso, há um jogo tolo de sinais auspiciosos. O vermelho aqui é a Vida, algo que vibra, na majestosa capa vermelha do Drácula vivido pelo mestre Gary Oldman, num merecidíssimo Oscar de Figurinos, no divertido modo como as Artes estão todas umas dentro das outras, no casamento inabalável entre Cinema e Música, por exemplo. Aqui é como uma cabeleira afro exuberante, como uma linda moça negra que vi numa boate em Nova York no ano de 1998, uma menina que passara horas no cabeleireiro arrumando seus cabelos num penteado ousado, numa pessoa que se arruma bastante para a balada, na questão importante da autoestima, algo desdenhado por uma certa pessoa sociopata, cujo nome não mencionarei. Aqui há uma exuberância tropical, numa folhagem luxuriante, na magia sensual de uma folhagem farfalhando à brisa noturna de uma amena noite de Verão, numa pousada romântica só para casais em lua de mel, o momento mágico que pode se esfriar no passar dos anos de casados, como um casal que conheço, o qual se separou, provavelmente porque o casamento ingressou na mesmice e porque o sexo esfriou, tornando-se mecânico e pouco romântico. Aqui é um exuberante pompom agitado num programa televisivo de auditório, em personalidades tão longevas como Silvio Santos, um senhor que nunca deu sinais de demência, na bênção que é uma pessoa se manter lúcida para sempre, como no inacreditável reinado longevo de Elizabeth II. Aqui é como um rabo de cachorro balançando, num animal tão autêntico, que expressa com clareza se está ou não contente, ao contrário dos gatos, os quais podem ser enigmáticos, num bicho tão idolatrado no Antigo Egito. Aqui é como algo se espatifando e destruindo-se, num rompimento de relações, na escolha de uma pessoa em nunca mais se relacionar com uma determinada pessoa, nas palavras da comunicadora gaúcha Tânia Carvalho, a qual disse em entrevista que é muito cuidadosa na hora de selecionar amigos.

 


Acima, Favelas Relembradas. É como um prédio, um organismo, como nos setores de uma empresa, onde cada pessoa é um órgão, com setores, como o de vendas, na questão de se ter um papel importante, necessário, na metáfora de Matrix: Os programas sem utilidade são deletados. Como diz o título, é uma favela, um bairro, um formigueiro, como em O Cortiço, com os moradores acordando de manhã cedo, com o tilintar das xícaras de café no café da manhã, no incrível modo como os formigueiros não dormem, numa vida contínua, como na Vida Metafísica, quando o espírito desencarnado se readapta à vida espiritual, numa vitalidade intocada, eterna, sendo desnecessário dormir para repor as energias, fazendo metáfora com a juventude, cheia de vitalidade, no personagem hilário de Chico Anysio: “Mãe, eu sou jovem! Jovem não morre; jovem dá um tempo!” – qual dos personagens de Chico não é maravilhoso? Aqui é como uma tormenta se formando, anunciando-se com raios e trovões, na tormenta que vai se avizinhando, no modo nórdico de fazer de Thor o rei do trovão, na sonoridade do nome que faz menção a tal força da Natureza – o raio de tempestade. Aqui temos uma confusão e um embaralhamento, como num país que sofre com um governante que mal se importa com o próprio povo, na deposição de um Romanov, ou no modo como a Revolução Francesa começou por causa de algo simples, como o preço do pão – o líder que se afasta do povo deixa de ser líder. Aqui é na confusão das guerras, e não sabemos para que lado ir, com rastros de fome e destruição, com belos jardins pisoteados, num soldado que recebe ordens superiores para destruir belos palácios, no modo como o serviço militar pode causar uma sequela ao rapaz que passa por tal processo de embrutecimento – é um horror. Aqui é a ironia social: apesar dos morros cariocas serem pobres, a vista para a cidade do Rio e para as praias deste é linda, digna de cartão postal, ao contrário dos morros de Hollywood, em imóveis de localização tão valorizada, na ironia: o pobre tem vista para a casa do rico; o rico para a casa do pobre. Então, o rico fica pobre e o pobre fica rico – dois lados para cada moeda, meu amigo. Aqui há pontos rubros, como brasa, numa lareira lentamente morrendo, numa pessoa que sabe que uma empresa tem que ser alimentada com o trabalho de seus funcionários, do contrário tal organismo morrerá. É como numa Rose em Titanic, nadando numa água gélida e letal, esforçando-se ao máximo para dar um grito de socorro: “Volte!”, num momento em que a pessoa tem que tirar forças do fundo da alma, como a Liberdade de Delacroix, guiando o povo, quase exausta, mas na luta. Aqui é como num incêndio, como em ...E o Vento Levou, nas chamas da cidade fazendo metáfora com o tórrido romance de Scarlet, a qual se vê abandonada no fim do filme, numa mensagem de esperança: Amanhã é outro dia! Aqui são pinceladas furiosas, num artista que sobe no palco e manda o Mundo se foder, com o perdão do termo chulo, num vômito catártico, no momento mágico em que ator e papel se encontram, numa declaração de amor a um personagem, o qual ficará para sempre impregnado no ator, como me contaram que Gloria Pires teve uma catarse no set de O Quatrilho, arrancando aplausos de Fabio Barreto, Cecil Thiré, figurantes e equipe técnica, numa atriz que até hoje nunca pisou num palco, infelizmente. Aqui é como uma Torre de Babel, numa diversidade, no respeito às diferenças, no modo como foi excomungado um padre brasileiro que, no púlpito, fazia atos sincréticos incorporando traços de religiões afro, num padre jovial, criativo e corajoso, desafiando um organismo milenar, talvez num senhor com alma de artista. Aqui é um organismo que luta para ficar em pé, no talento de um patriarca em manter a família unida, num líder que, esvaziado de vaidades egoístas, é o centro de um grupo, na figura do cacique amazônico, fazendo do Patriarcado algo tão universal, na figura do Pai, do patriarca, com sua obra prima Adão, frente às imperfeições de Eva, o segundo sexo.

 


Acima, Marítima Verde. Aqui é um furioso naufrágio, num rompante, numa perda, numa tragédia, como em expectativas sendo frustradas, como numa pessoa em fundo de poço depressivo, sofrendo uma decepção muito grande em relação à Vida, numa pessoa que tinha muitas expectativas, ouvindo mais o coração do que a cabeça – como é importante ser racional e ponderado, frio como uma equação matemática, porém com Amor no coração! É onde Yin e Yang se encontram, unificando o Universo ao fazerem amor, numa doce chuva que cai do Céu. Aqui é uma luta pela sobrevivência, numa pessoa que parou de esperar pelo “príncipe encantado num cavalo branco”, numa pessoa que adquiriu o controle sobre a própria vida, nas palavras sábias de uma médium espírita que conheci: Deus não quer que nos “atiremos nas cordas”, ou seja, é um Pai que ver o filho lutando pela Vida, num filho que não quer que sintam pena dele mesmo – de que adianta sentir pena? Aqui é uma perturbação, uma interferência, como num rádio com interferência, como num artista criando, não querendo sofrer interferências externas, ao contrário do trabalho numa agência de Propaganda, na qual há o sharing, ou seja, o compartilhamento de autoria, com várias cabeças debruçadas sobre a mesma questão, na dolorosa verdade de que Propaganda não é arte, mas técnica de venda, decepcionando tantos artistas que frequentam a faculdade de Publicidade & Propaganda. Aqui é como uma criança aprendendo a nadar, num esforço, como num novo ano na Escola, abraçando novas questões e novas etapas, num aluno que gosta de estudar, dando orgulho a qualquer professor, no prazer de se ver um aluno crescendo, fazendo metáfora com a grande carreira espiritual, num espírito que está na Terra encarnado para mais uma etapa de aprimoramento moral, morrendo sendo melhor do que era quando nasceu, num espírito que, desencarnado, começou a sentir a estagnação, sentindo a necessidade de aprimoramento, no modo espírita como uma encarnação na Terra seja um item curricular muito importante metafisicamente, no eterno coração de estudante, ao contrário de uma pessoa que subestimou a importância dos estudos, abandonando um curso universitário no meio do caminho, desencaminhando-se num labirinto existencial – é a importância de se fechar um ciclo, numa virtude, num intuito e num objetivo, numa pessoa que dá conta da bobagem que fez em largar um curso, havendo sempre a chance da pessoa partir em busca do tempo perdido. Podemos ouvir aqui o som de água, de liquidiscência, nos altos e baixos liquidiscentes da Vida, no modo como ninguém está por cima o tempo todo, pois de que serviria uma encarnação sem alguma lição para eu aprender? Não são as vicissitudes o tesão da Vida, no desejo olímpico de superar tais desafios? É a questão da pessoa manter o tesão sempre vivo. Aqui é a água engolindo algo, como numa lição sendo assimilada, num processo digestivo, numa lição sendo compreendida, na pessoa se dando conta de algo, de alguma verdade, olhando para si mesma com nitidez, querendo dar uma guinada em meio a um esforço ENORME, gigantesco e descomunal, num trabalho pós queda, no triste episódio recente do suicídio de um certo rapaz, o qual não suportou a Depressão – o suicídio é um desperdício, pois a Vida não tem preço. Aqui pegamos algo no meio de um processo, numa transformação, numa transição, na lagarta virando borboleta, num patinho feio que se deu conta de que nunca foi pato, na máxima que já ouvi: “Não se torne; seja!”. Como uma certa cantora famosa, a qual sempre foi, desde a adolescência, um espírito de cheerleader, as líderes americanas de torcida – a pessoa são eternas, ou seja, não mudam apesar de crescer, no grande presente de Tao que é a personalidade inconfundível de cada pessoa, pois Tao nunca faz dois filhos idênticos, na letra de Lady Gaga: “Ele fez você com perfeição!”. Aqui temos uma explosão de algo, numa concepção, como num filho sendo parido, trazido ao Mundo depois de uma estadia tão confortável e deliciosa uterina.

           


Acima, Paisagem Vermelha. Um buquê de rosas, como no camarim de alguma diva do Teatro, numa Fernanda Montenegro, majestosa em sua dignidade e sua discrição, numa artista que não conseguiu prosperar em Hollywood, dizendo que só recebeu propostas de papéis de empregadas dominicanas, como um certo ator, o qual nunca soube se desvencilhar do estigma de exótico, que não pode fazer papel de americano. Aqui, cada pontinho preto tem uma pupila branca, numa exposição, no modo como um grande artista tem uma legião de fãs ao redor do Mundo, como no clipe de I WiIl Alwyas Love You de Whitney Houston, um vídeo que, no Youtube, já ultrapassou a marca de um bilhão de acesso – sim, com b de bola, como nos píncaros de popularidade global de uma Gisele, num carisma tão monstruoso, as não o suficiente para fazer deslanchar em vendas um livro que a supermodelo lançou há algum tempinho – cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, né Caetano? Aqui é um vestido rubro vibrante de uma dançarina de Flamenco, no calor latino, numa Espanha que já foi a maior superpotência europeia, na dança de cadeiras do Poder, com egos ascendendo e descendendo todos os dias no Mundo, permanecendo o legado de um homem humilde como Jesus, na simplicidade da mensagem de Amor – somos todos conectados em Amor por uma Fonte Divina, a qual sempre esteve aqui e sempre estará, no poder inacreditável da Vida Eterna, pois jamais findaremos. Uau. Aqui são como as serpentes da Medusa, na malícia fofoqueira, numa pessoa de um grande vazio existencial, só lhe restando cuidar da vida dos outros e ser fiscal do fiofó alheio, com o perdão do termo chulo. Aqui é como na Diáspora, numa dispersão, como na destruição da Torre de Babel, gerando a infindável variedade idiomática, com correntes linguísticas tão diferentes, com línguas que nascem e morrem, como o latim ou o egípcio antigo, no modo dialético como tudo é processo, e a pessoa está em constante processo de elevação, pois os psicopatas assassinos serão, um dia, espíritos amorosos que respeitam ao máximo a Vida, no caminho natural do crescimento, num filho no dia de formatura, enchendo o pai de orgulho – o perdão e a depuração são o caminho natural em meio à Eternidade, pois os ressentimentos não duram para sempre. Aqui temos uma explosão, como numa operação policial sendo deflagrada, revelada e posta em prática, na coragem de impor a autoridade legal aos bandidos, os quais são pessoas equivocadas, que acham que e Raiva é melhor do que a Paz, o que é um absurdo e um equívoco. Aqui é como uma bomba, num artista em plena revelação ao Mundo, num reconhecimento, na capacidade de certos artistas em obter renome mundial, surfando na onda da universalidade humana, na prova de que somos todos a mesma coisa ao redor do Mundo, havendo a ilusão das diferenças culturais. Aqui é uma virose tomando curso, desenvolvendo-se, como no marketing viral do filme de terror A Bruxa de Blair, conquistando o público jovem, num filme não muito recomendado para pessoa de alta sensibilidade. Aqui é como a acumulação de mofo, numa pessoa que percebe a necessidade de tomar alguma atitude a respeito, tomando ação, como encarar alguma tarefa, como limpar uma casa ou chamar um encanador, numa pessoa que se depara com seu próprio momento existencial, dizendo para si mesma: “Calma! Você vai se reerguer!”. É o desafio da Vida, a qual, sem percalços, não teria sentido, meu irmão. Aqui temos uma teia complexa, no trabalho passivo da aranha, como um comerciante, o qual, ao abrir o negócio, espera pelos clientes, na ordem de construção da Disneyworld na Flórida, EUA: Construa e eles virão! Aqui temos divergências, como num debate político, tenso, com Trump chamando Hillary de nojenta – senhor Trump, é este o respeito que o senhor tem pelas mulheres? Pois eu gostaria de te dizer que tua mãe também é mulher! Aqui temos um emaranhado, num grupo unido, coeso, sob uma boa liderança, no líder que rege sob a luz de Tao, sendo visto, amado e respeitado.

 


Acima, sem título. Um desgaste, como numa roupa de mendigo, num registro, numa trajetória, numa pessoa que quer estar em situação de rua, fugindo da Vida e escondendo-se desta, na confusão entre esmola e caridade: Caridade é dar uma ajuda e um empurrãozinho para quem precisa de uma assistência; esmola só atrapalha, pois incentiva e pessoa a ficar em situação de rua. Aqui é uma brecha, na resolução de um mistério, como conhecer alguém a fundo, em intimidade, até chegar ao ponto de podermos falar por telepatia com tal pessoa, bastando simplesmente estar na presença de tal pessoa, na questão do menino clarividente de O Iluminado, pressentindo que algo havia de errado com o hotel mal assombrado. São as pessoas altamente sensíveis. Aqui é como uma selva densa, no termo em Inglês “in the woods”, ou seja, na floresta, descrevendo uma pessoa em uma situação difícil, numa encrenca, num problema, como num pobre coitado sendo flagrado em aeroportos com drogas na bagagem, numa pessoa que se coloca numa fria, numa situação espinhosa, num espírito vagando no Umbral, como vagar infernalmente por uma cidade fantasma, sem uma única alma para nos acompanhar. Aqui é uma mata virgem, devoluta, excitando descobridores, cheios de notícias sobre as terras selvagens americanas, no fenômeno indígena, com tribos por todas as Américas, em indígenas que, hoje paupérrimos, são herdeiros dos senhores das terras pré colombianas, nesta especialidade humana de ganância e crueldade, dizimando tais populações nativas, tudo em nome de ambição, como monarcas europeus querendo ser o malévolo Sauron de Tolkien, o senhor diabólico que quer controlar tudo e todos, na insana fome napoleônica por poder, poder e mais poder, espalhando terror por onde passa, muitas vezes falando agir em nome de Jesus, mas fazendo coisas que Jesus jamais faria, como queimar uma pessoa viva numa fogueira, como na sanguinolenta Mary Tudor, com um Vaticano conivente com tais atrocidades – apenas ser um padre não quer dizer muito sobre o caráter de uma pessoa. Aqui é o visual dos jeans rasgados, jovial, moderno, despojado, como uma barata sobrevivente de Chernobyl, com ditadores ávidos em obter poder atômico, como na Coreia do Norte, cruel ao ponto de ter cidadãos que se refugiam na Coreia do Sul, esta sim uma nação civilizada, que respeita a liberdade do indivíduo, numa nação respeitada pela Comunidade Internacional. Aqui é como um dia morrendo no mato, nos sons da floresta, com grilos e outros bichos, com animais vagando em busca de sexo e comida, nas responsabilidades de uma pessoa que tem bicho de estimação: comprar a ração (que não é muito barata), levar o cachorro para defecar na Rua etc. Aqui temos uma brecha e uma perspectiva, como num lampejo, que faz com que a pessoa tenha um presságio para olhar bem longe por um momento muito breve, como uma psiquiatra com a qual consultei uma época, a qual ficou muito contente por ver sair de minha boca a palavra “faculdade”, num lampejo que a fez ver bem ao longe, numa pessoa assumindo as responsabilidades sobre sua própria vida, como num responsável senhor alcoólatra que conheço, o qual está há muitas décadas sem colocar qualquer gota de álcool na boca – é a questão do siso e da disciplina, ouvindo a cabeça antes de ouvir o coração, sendo adulto e ajuizado, pois não estou dizendo que você não pode viver; só estou dizendo que a cabeça tem que estar no lugar. Aqui é o termo popular “a verdade vem à tona”, num processo gradual, com tudo se esclarecendo na cabeça da pessoa, no modo de se olhar para o passado e ver que se aprenderam grandes lições de vida, como no momento do Desencarne, no qual passa por nossos olhos o “filme de nossa vida”, apontando momentos importantes, nos quais aprendemos e crescemos muito. Aqui é um quarto na penumbra, bom para se dormir, numa cama com lençóis suavemente perfumados – lar. Aqui é uma porta sendo aberta ou uma ponte sendo construída entre pessoas, no modo como os moldes infantis e adolescentes de amizade se transformam em relacionamento na idade adulta – é assim mesmo.

 


Acima, Tela Branca e Preta. Um rabisco, um rascunho, no termo publicitário “rafe”, que é quando o publicitário pega caneta e papel para rasurar alguma ideia, só depois indo ao computador para criar digitalmente. Aqui é como uma torre de energia elétrica, numa demanda gigantesca e crescente, numa fome por progresso, como em aeroportos cada vez maiores e trens cada vez mais velozes, num Ser Humano desafiando limites, na corrida espacial, no momento que chegará, que é o Homem colocar o pé em Marte, pois ali nós, da Terra, seremos os alienígenas, ou seja, por que é tão difícil acreditar na hipótese de estarmos cercados de vida alienígena? Não é Tao o Pai de toda a Vida no Cosmos? Não é Tao incrivelmente grandioso? Aqui é um momento de choque, no termo “colocar o dedo na tomada”, na obrigação do psicoterapeuta em acordar o paciente para a fria verdade nua e crua, em sessões que podem ser um tanto dolorosas, pois, como diz Tao, ninguém gosta muito da verdade nua e crua, como em abrigos de assistência social, nos quais os psicólogos confrontam a pessoa em relação à Vida: “Você precisa ter um emprego e reerguer-se na Vida”, com palavras frias que fazem com que o indivíduo prefira a situação de rua, pois, nesta, não há alguém para lhe “encher o saco”. Aqui é uma terrível notícia sendo recebida, como nas notícias bombásticas de grandes falecimentos, como o de Elis Regina e da Princesa Diana, com mortes que viram o Mundo de cabeça para baixo. Aqui é o joguinho de varetas, num monte de varetas, e a graça do jogo está em retirar as varetas sem abalar o conjunto, pois aqui temos um conjunto, uma firma, uma família, um organismo, numa agregação, numa agremiação, como numa torcida de time de Futebol, no termo “Exército Tricolor”, com torcedores ardorosos ao ponto de viajar ao redor do Mundo para ver seu time competindo em outros países, na nítida universalidade do Desporto. Aqui é como uma cabeleira rebelde, despenteada, como logo ao acordar de manhã, no ritual diário de aprumação, como num homem fazendo a barba e numa mulher se maquiando, remetendo a uma senhora que tive como professora no Ensino Médio, uma mulher que, logo de manhã cedo, estava impecavelmente maquiada e arrumada, como se estivesse saindo para jantar fora, na questão da autoestima, na questão do gostar de si mesmo, na imposição social da pessoa sair de casa arrumada, na simplicidade da praia no veraneio, onde tais formalidades recebem uma folga: Você precisa sair de casa? Coloque os chinelos e saia! Aqui é um caos querendo ser domado e corrigido, como no mendigo da grande comédia Um Vagabundo na Alta Roda, numa transformação num cabeleireiro, transformando um mendigão num homem charmoso. Aqui são como fibras, como fibra de vidro, em piscinas, em avanços como polímeros, em materiais resistentes, na revolução do uso de polímeros em restaurações dentais, deixando para trás a era das obturações de chumbo, as quais ainda tive em minha infância, nos anos 1980 – é a depuração científica. Aqui é algo estranho, sem forma definida, num enigma, na questão de Tao: Confronte e não verá rosto; vá ao traseiro e não encontrará rabo. É na questão onde tudo o que nos resta, quando desencarnados, é dizer “Eu te amo” aos nossos entes queridos ainda encarnados – o que mais nos resta dizer senão o fato de que o Amor é eterno e inoxidável? Aqui é como um desgaste, como no fundo de um prato muito utilizado, com tais rastros de talheres em atrito com a cerâmica, numa peça que mostra uma história, uma trajetória. São como marcas mais do que sujas; encardidas, encorajando-nos a pegar água sanitária e alvejar tal mácula, no prazer de se ver um quarto mofado sendo limpo e repintado, numa questão de saúde respiratória. Aqui é como um rascunho tosco, numa pessoa que ainda não se encontrou muito bem na Vida, na questão de um artista em saber quem ele mesmo é, neste desafio de busca, havendo no Plano Metafísico o fim de tais dúvidas: Sim, você é extremamente especial! Um príncipe!

 

Referência bibliográfica:

 

Antonio Bandeira. Disponível em: <www.almeidaedale.com.br>. Acesso em: 25 mai. 2022.

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